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Este blog tem o compromisso de divulgar informações precisas e atualizadas sobre o ceratocone e as opções de tratamento, cirurgias e especialmente da reabilitação visual com uso de óculos ou lentes de contato.

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

7 coisas que você deveria saber sobre ceratocone... mas não sabe!


O Ceratocone é uma patologia da córnea que freqüentemente debilita a visão e que afeta aproximadamente uma a cada 2000 pessoas. Logo se no Brasil temos atualmente 194 milhões de habitantes há por volta de 97.000 habitantes que possuem ceratocone. Muitos desses pacientes buscam desesperadamente por tratamentos que possam ajudá-lo a retomar sua visão, uma melhor qualidade de vida e a independência que isso proporciona.

Um aspecto importante é que grande parte destes pacientes procuram oftalmologistas que possam tratá-los, mas é freqüente estes pacientes consultarem especialistas que não tem experiência em ceratocone. Isso é muito importante, não importa o quão inteligente, especializado o médico seja, se ele não se vê envolvido freqüentemente com uma atividade ele nunca irá desenvolver a aptidão e a habilidade necessárias para tratar o ceratocone efetivamente e eficientemente, nem mesmo aconselhar o paciente. Por causa disso, muitos pacientes de ceratocone serão acidentalmente levados a uma direção totalmente incorreta.

Dado ao excessivo número de médicos no Brasil e conseqüentemente de oftalmologistas, imagine que um oftalmologista verá aproximadamente três pacientes de ceratocone por ano em média. Isso não possibilita que todos sejam especializados no assunto, portanto é necessário muito cuidado.
Felizmente, o seu caso pode ser diferente. Este artigo trata de sete questões vitais que se não forem bem compreendidas podem levar a problemas significativos, inconvenientes e estresse emocional do paciente e de seus familiares. Quando você compreender e aplicar estes importantes princípios poderá estar mais a vontade com esta patologia frustrante.

1. Ceratocone não causa cegueira

Me impressiona que muitos dos pacientes que nós vemos no IOSB é que eles tem medo de ficarem cegos ou consultaram com um médico que informou que eles terão que fazer transplante de córnea e que esta é a única solução para seu problema. Outros passam por médicos que tentam a adaptação de lentes de contato, mas não tem bons resultados e o paciente não se adapta ou tem uma adaptação muito ruim com queixas freqüentes de desconforto e visão não satisfatória. Como a condição visual destes pacientes tendem a piorar seu medo de perder a visão fica cada vez maior e acreditam que a visão irá piorar a tal ponto de que nada poderá ser feito para recuperar a visão. Alguns destes pacientes já passaram por vários médicos e nenhum deles teve êxito na adaptação de lentes ou óculos e tem muito receio e medo de submeterem-se a cirurgia de transplante de córnea.

Assim alguns vão levando adiante sem tratar, ou com lentes inadequadas ou mal adaptadas, ou usando somente uma lente principalmente se tem o outro olho menos afetado, o que induz a visão preguiçosa e pode provocar eventualmente estrabismo. Estes pacientes praticamente abandonam as tentativas e se esforçam em conviver com a visão razoável de apenas um dos olhos.

A realidade é que ninguém fica cego pelo ceratocone. Existe uma seqüência de alternativas antes que um transplante de córnea seja indicado ao paciente, pela ordem:

a. Óculos
b. Lentes Hidrofílicas (Gelatinosas, Descartáveis, etc)
c. Lentes RGPs ou Rígidas Gás Permeáveis (a melhor opção quando feita com lentes boas e bem adaptadas)
d. Piggyback (lentes rígidas sobre gelatinosas ou descartáveis, geralmente uma técnica utilizada quando não se tem lentes RGPs de alta tecnologia ou experiência para fazê-las personalizadas)
e. Lentes Esclerais ou Semiesclerais RGPs (a Ultralentes fabrica estas lentes desde 2009)
f. Implante de anéis intracorneanos (Ajuda em alguns casos, mas é apenas indicado em casos de estágios não avançados, e não garantem os resultados, pode ser necessário adaptação de lentes RGPs posteriormente e fica mais difícil a adaptação)
g. CXL ou Crosslinking : Uma técnica nova, experimental e promissora, entretanto ainda está em estudos, embora algumas clínicas já ofereçam o procedimento como uma técnica consagrada. Nos EUA ainda não foi autorizada pelo FDA, exceto em alguns centros de oftalmologia e sob rígido protocolo padrão para todos (Protocolo de Dresden).
h. Técnicas combinadas ou seqüenciais: Já existem estudiosos realizando implante de anéis combinado com a aplicação de crosslinking e posterior cirurgia refrativa por fotoablação a laser, variações originadas do Protocolo de Atenas.  O olho é uma estrutura frágil e nobre do corpo humano, submeter uma córnea ainda mais frágil como a do ceratocone e expor a mesma a esta série de procedimentos é muito arriscado.
i. Prescrição de óculos ou adaptação de lentes posterior a implante de anéis intraestromais e crosslinking.
j. Transplante de Córnea (Menos de 2% dos casos no IOSB).
k. Prescrição de óculos ou adaptação de lentes posterior transplante de córnea.

Se o transplante de córnea (Tx) é finalmente indicado, o índice de sucesso é maior que 95%, quando feito por um experiente cirurgião com grande curva de experiência (aprimoramento), entretanto é importante mencionar que óculos ou lentes de contato são normalmente requeridos após a cirurgia, após o prazo de recuperação conforme a técnica utilizada e com resultados geralmente muito bons. É importante que o paciente saiba e entenda que possivelmente será necessária correção visual após o transplante e que a prescrição de óculos ou adaptação de lentes boas e bem adaptadas pode ser fundamental para a melhor visão.

2. Ceratocone não progride para sempre

Tipicamente quando vemos um paciente com ceratocone pela primeira vez, eles foram indicados por um oftalmologista ou encontraram o IOSB pela internet ou foram indicados por outros pacientes do instituto. Eles as vezes são jovens adolescentes e vem acompanhados pelos pais. O ceratocone geralmente inicia lentamente ou agressivamente na puberdade, a porção central da córnea fica mais fina e eventualmente desestabiliza e assume um formato irregular, deteriorando a visão. O paciente tem a impressão inicialmente de que a condição, na medida que avança, irá progredir indefinidamente e para sempre. Quando vemos este tipo de caso de jovens com seus pais, temos uma longa e cuidadosa discussão, com a finalidade de trazer tranqüilidade e amenizar a ansiedade do paciente e familiares.

A boa notícia é que aproximadamente 95% dos pacientes com ceratocone irão iniciar a estabilização do caso a partir dos 25 aproximadamente, alguns mais tarde entre 30 a 40 anos. A partir dos 25 anos os episódios de progressão tornam-se geralmente mais esparsos e menos significativos, especialmente se o paciente estiver bem orientado (não coçar os olhos, usar lubrificantes em forma de lágrimas artificiais, etc) e estiver adaptado com lentes de boa qualidade e corretamente adaptadas. No IOSB menos de 2% dos casos irão precisar do transplante, muitos podem ao menos postergar a cirurgia devido a disponibilidade de lentes feitas personalizadas para casos severos extremos, com as lentes especiais Ultracone Advance e Extreme, as lentes Esclerais SB de diâmetros de 18.5 mm a 21.5 mm e Semiesclerais Asféricas SSB de 16.0 a 18.0 mm.


Entretanto estas estatísticas podem ser piores quando ocorrem os seguintes casos:

2.1) Lentes mal adaptadas são utilizadas, levando a intolerância e a opacificação da córnea.


2.2) O paciente coça regularmente e agressivamente os olhos, e não é orientado a tratar alergia de forma sistêmica e/ou tópica.


Muitos artigos comentam que o ceratocone evolui até os 40 anos do indivíduo, entretanto pacientes bem adaptados com lentes RGPs especiais e bem orientados a não coçar os olhos geralmente tem uma progressão menor do que outros casos. Tratar corretamente as alergias freqüentemente associadas ao ceratocone é muito importante para prevenir o coçar dos olhos. O coçar traumatiza os olhos e provoca remoção das células do epitélio e maior desgaste das fibras de colágeno enfraquecendo a córnea, afinando-a ainda mais e facilitando para que aumente a irregularidade do cone. O ceratocone geralmente começa o seu processo de estabilização em torno dos 25 anos do paciente.

 
 Algumas alternativas para evitar coçar os olhos são:

a) Tratar olho ressecado com lubrificantes artificiais modernos sem conservantes que não possuem a toxicidade cumulativa do demais colírios com conservantes. Acrescentar linhaça (preferencialmente a dourada) na dieta (pode ser cápsulas de óleo de linhaça).
b) Lavar os olhos (pálpebras) com shampoo J&J neutro Ph balanceado com alguma freqüência, utilizando soro fisiológico, e posteriormente enxaguar abundantemente os olhos de maneira que isso remova impurezas acumuladas na lágrima. Lembre que o soro fisiológico depois de aberto dura 24 hs fora da geladeira e 7 dias se armzando na geladeira, não toque no bico do frasco para evitar a contaminação.
c) Alergia ocular pode ser tratada com medicamento tópico, como o Patanol S pingando apenas uma vez ao dia, é importante conversar com seu médico sobre esta questão. O Zaditen e Lastacaft entre outros também são indicados por alguns profissionais.
d) Compressas frias ou geladas amenizam muito a vontade de coçar ou a “coceira” e é uma ótima maneira de aliviar os sintomas rapidamente.
e) Substituir o sistema de limpeza e conservação de lentes de contato caso o produto utilizado cause sintomas alérgicos.
f) Tratar as alergias associadas (asma, alergia dermatológicas, etc.) de forma sistêmica. No IOSB o paciente é orientado a procurar um otorrinolaringologista em caso de rinite alérgica ou alergologista caso existam outras alergias associadas, é fundamental uma orientação nesse sentido. Alguns medicamentos podem interferir na lágrima do paciente, em alguns casos o medicamento para tratamento da acne Roacutan está associado a síndrome do olho seco, ou secura ocular, o que prejudica a saúde ocular dos pacientes, principalmente usuários de lentes de contato.
g) Em alguns casos, o coçar dos olhos está associado ao uso de lentes inadequadas e mal acabadas ou mal adaptadas. A solução nestes casos é suspender o uso destas lentes e fazer uma readaptação com lentes boas e bem adaptadas.


3. O que o paciente pode fazer para amenizar e diminuir o ritmo da progressão do ceratocone?

Em aproximadamente 45 anos de acompanhamento de pacientes com ceratocone, desde o início da especialização do Dr. Saul Bastos nesta área, observamos muitos casos que levaram-nos a acreditar que existem fatores que influenciam de forma maior ou menor na evolução ou não do ceratocone ao longo da vida do paciente. É importante mencionar que este estudo não está respaldado por nenhum estudo prévio, não há evidência ou comprovação científica registrada sobre o assunto. Entretanto, nossa amostragem de mais de dez mil pacientes ao longo destes quarenta e tantos anos permitiu que pudéssemos observar pontos em comum na amostragem obtida.

O uso de Lentes Rígidas (RGPs)


Nestes 45 anos de acompanhamento de pacientes adaptados com lentes duras (desde o tempo das lentes acrílicas até a atualidade tivemos uma significativa amostragem de pacientes os quais foi possível aprender pela experiência. Meu amigo Dr. Renato Ambrósio Jr. o qual tenho enorme apreço pela qualidade científica de seus trabalhos, pela sua competência e pela pessoa generosa que é, me perguntou em duas oportunidades se eu acreditava que o uso de lentes evitava a progressão do ceratocone. Como costumo dizer sobre este assunto, a pergunta é simples e direta, a resposta é de maior complexidade, mas resumidamente a resposta é não. Entretanto pela observação e acompanhamento de aproximadamente 15000 pacientes com ceratocone ao longo de 45 anos podemos observar que em casos onde o paciente usa lente em um dos olhos, bem adaptada e se não usa lenmte no olho contra-lateral a tendência é que a evolução seja maior (quando ocorre e geralmente ocorre) no olho sem lente. E o ceratocone quando tem que progredir ele o fará com ou sem lente ou seja, de fato é que a lente sozinha não tem a função e nem é indicada para esse fim de impedir a progressão mas sim de reabilitar a visão funcional do paciente e permitir que o mesmo tenha uma vida normal, com conforto e especialmente garantindo a saúde fisiológica da córnea. 

Embora seja necessário um estudo com controle para confirmar estas informações e também verificar o porquê de o ceratocone tender a progredir mais sem o uso de lentes temos algumas suspeitas. Uma delas é que o olho com visão não corrigida ou sem uso de lentes é forçado o paciente pode ter uma tendência de coçar mais este olho do que o outro que está usando lentes, essa é uma das possibilidades. A outra, embora mais remota, remete a uma possível força aplicada pela pálpebra superior ao piscar que com a lente e o filme lacrimal formado entre o ápice do ceratocone e a lente possa servir como uma espécie de força contrária sem que exista toque central, de fato o filme lacrimal precisa estar muito bem distribuido [ver padrão de fluorosceína de excelência (devo escrever sobre isso em breve)] de maneira que esta força mecânica seja leve o suficiente para não causar lesão corneana e centralizada o suficiente para que a força seja distribuida de maneira harmônica e o quanto mais uniforme possível sobre a córnea. Importante mencionar que não tenho conhecimento de nenhum estudo publicado sobre estas duas possibilidades, e a resposta para a pergunta se a lente impede a progressão é não, se retarda isso é discutível mas passa impreterivelmente pela necessidade de uma adaptação bem feita e por uma lente RGP (rígida) de alta qualidade e alta tecnologia que possibilitem um excelente desempenho no seu uso.

O estresse

É impressionante como é fácil observar que um paciente teve uma piora no seu quadro, desde pacientes que vinham com ceratocone estabilizado há muitos anos até os pacientes com ceratocone incipiente, que quando depararam-se com uma situação de muito estresse em suas vidas, houve uma progressão significativa do caso, em praticamente todos os casos requerendo uma readaptação de lentes. Uma perda de um ente familiar, separação do cônjuge, doença de um familiar, problemas profissionais, de dinheiro, depressão, etc. são fatores que podem desencadear um processo de piora no quadro, fazendo com que o ceratocone tenha episódio de progressão com tempo determinado e estabiliza novamente.
Alguns pacientes do IOSB, extremamente dependentes do Dr. Saul tiveram este problema com o seu falecimento. Foram necessários poucos meses até eles sentissem a segurança necessária novamente ao saber que eu continuaria o trabalho de meu pai com a nossa equipe de oftalmologistas no IOSB.

Nestes casos, a procura de ajuda de profissionais na área psicológica e psiquiátrica pode ser importante se necessário. Outra forma de combater o estresse é a prática de esportes, caminhadas, yoga, acupuntura, Massoterapia, etc. Existem diversas opções e cada paciente deve procurar aquelas que eles acreditam poderão ajudá-las a superar suas dificuldades e ajudá-las a enfrentar a vida. “Mens Sana In Corpore Sano”

A suspeita é que a uma baixa na imunidade do paciente possa desencadear uma reação oxidativa maior na córnea, e o paciente com a imunidade mais baixa que a normal não produz os anti-oxidantes necessários para combater essa agressão a córnea. Naturalmente muitos estudos estão sendo realizados em diversos países tentando buscar uma resposta que possivelmente não é única. Existem fatores que atuam em conjunto para que o ceratocone se desenvolva.


A alimentação correta e o combate ao sedentarismo

Esta descoberta retrata a influência do tipo de dieta seguida pelos pacientes no seu quadro do ceratocone. Inicialmente observamos que alguns pacientes tiveram episódio de melhora significativa da visão e de uma menor irregularidade corneana. Ficamos atentos ao observar os primeiros casos e procuramos agora dar seguimento a estas observações em outros pacientes.


Inicialmente até mesmo telefonei pessoalmente a alguns dos mestres que foram nossos professores e orientadores (do meu pai e eu) que ainda estão vivos como o Dr. Perry Rosenthal, MD (Harvard Medical School) e Dr. Joseh Barr, OD. Eu comentei com eles que tinha observado uma possível “regressão” do ceratocone de alguns pacientes, embora soubesse que isso não existia. Confirmada minha suspeita, o que pode ter ocorrido é uma alteração do formato do ceratocone, justificando assim a necessidade de troca de lentes RGPs especiais Ultracone para mais planas (cerva de 1.5 a 2.5 dioptrias) para estes pacientes.

Iniciada a investigação, observamos que um dos pacientes teve a alteração por ser estudante de nutrição na época e ter adotado a prática de uma alimentação saudável, de 6 refeições por dia bem equilibradas. Outros dois pacientes tiveram recomendações médicas de seus cardiologistas de que seus exames estavam ruins e tiveram que adotar uma dieta prescrita para eles semelhante a primeira ou seja, equilibrada e de acordo com as necessidades observadas pelos médicos. Outros pacientes adotaram uma dieta mais natural, um deles inclusive eliminando totalmente a carne vermelha da dieta, acrescentando somente carne de aves (sem pele) e peixes (ômega 3). O ideal é ter uma orientação especializada para um balanço e equilíbrio da alimentação. Consulte se possível um nutricionista.


Para alguns pacientes nós recomendamos a leitura do livro A Dieta de South Beach, criada pelo cardiologista americano da Florida Dr. Arthur Agatston, MD. (South Beach, FL) para melhorar a qualidade dos exames sangüíneos de seus pacientes e tratá-los por antecipação para prevenção de doenças cardiológicas. A dieta que inicialmente não tinha o objetivo de emagrecimento mais tarde mostrou que era a primeira mudança visível em seus pacientes, a diminuição da gordura corporal. Esta dieta pode ajudar os pacientes a terem uma melhor qualidade de vida, nós não afirmamos que a simples adoção da dieta irá influenciar de fato no ceratocone, mas com certeza não irá prejudicar, pelo contrário, poderá ajudar em muitos outros fatores da saúde do paciente como na questão de prevenção de doenças cardiológicas, diabetes, entre outras. O fato é que se isso ajudar numa melhora do quadro do ceratocone e conseqüentemente da visão do paciente melhor, do contrário não irá tampouco prejudicar.

Mas é importante mencionar que existe relação entre a alimentação, o estresse e a forma como o paciente administra as questões do corpo e da mente. A expressão em latim “Mens Sana Corporeo Sano” (mente sã, corpo são) me parece muito adequada a esta questão e deveria ser objeto de estudo posterior. Em nossa experiência de mais de 10000 pacientes com ceratocone em 45 anos pudemos observar diversas associações de comportamentos, doenças relacionadas que interferiram no caso de alguns pacientes. É importante estar atento ao histórico médico geral do paciente e se necessário aprofundar-se mais no assunto de maneira a tratar a questão de uma forma mais geral e sistêmica quando necessário.


4. Higiene, limpeza e conservação de lentes RGPs especiais para ceratocone:

O cuidado com a higiene para quem usa lentes de contato é fundamental para a segurança da saúde ocular do paciente. Alguns pacientes podem ter alergia a determinado produto de limpeza e conservação de suas lentes RGPs sendo necessária a alteração do produto por outro diferente e recomendado pelo oftalmologista até que encontre a alternativa que seja mais adequada e segura para o paciente. Muitos destes produtos contém conservantes que por sua vez tem um certo grau de toxicidade. Estes conservantes estão ali para matar os microorganismos que podem contaminar as lentes e levar a uma infecção ocular. Entretanto as vezes estes conservantes podem também agir de forma agressiva as células do epitélio da córnea, ocasionando uma alergia ao produto. Se isso ocorrer, suspenda imediatamente o uso deste produto e peça orientação ao seu oftalmologista.


Um guia para manuseio, limpeza e conservação de suas lentes RGPs:
  • Para retirar as lentes após o uso:

    1. Lave bem as mãos e seque-as antes de manipular suas RGPs.
    2. Retire primeiro a lente do olho direito.
    3. Coloque a lente sobre a palma de uma das mãos com a face convexa virada para baixo, de forma que a lente se acomode na concavidade da mão.
    4. Com o dedo indicador ou o mínimo, retire cuidadosamente o excesso de lágrima que restou na lente após a retirada. Usando mínima pressão, faça movimentos circulares de forma que você retire a lágrima que ficou na lente.
    5. Lave sua lente com shampoo J&J ou um detergente líquido gel neutro (poucas gotas são suficientes) e enxague com água filtrada ou solução salina.
    6. Remova a água da lente sacudindo-a no ar ou soprando a mesma.
    7. Utilize o produto de limpeza indicado pelo seu oftalmologista fazendo com que toda a superfície da lente esteja coberta.
    8. Repita a operação com a lente do olho esquerdo.
  • Para inserir as suas lentes RGPs:

    1. Lave bem as mãos e seque-as, retire a primeira lente do estojinho e examine toda a extensão da lente e borda para verificar se não há nenhum corpo estranho ou dano na lente.
    2. Remova o produto das lentes esfregando a lente com o dedo indicador ou mínimo na superfície interna (côncava) da lente e com a superfície externa (convexa) na palma da outra mão.
    3. Se quiser utilize soro fisiológico para enxaguar as lentes antes de inserí-las, mas lembre que o soro depois de aberto dura 24 horas fora da geladeira e 7 dias se armazenado dentro da geladeira. Evite encostar no bico do soro fisiológico.
    4. Coloque o produto de sua preferência na lente, recomendado por seu médico, e insira a primeira lente.
    5. Repita a operação com a outra lente.
5. Produtos recomendados para lentes RGPs para ceratocone:
Dentre os produtos disponíveis no mercado brasileiro para a limpeza de lentes de contato RGPs, destacam-se aqueles mais conhecidos e que tem fabricantes com sistemas homologados pela Agência Nacional de Saúde (ANVISA), os mais conhecidos são:


- Boston Simplus: maior viscosidade, solução multição, indicado para lavar, enxaguar e inserir as lentes RGPs


- Unique Ph: Solução multiuso, solução aquosa, bom para lavar, enxaguar e inserir as lentes.


- Opti Free Replenish: Ideal para lavar as lentes, acondicionar e inserir as lentes RGPs (embora seja indicado para lentes de silicone hidrogel, este produto pode ser utilizado para lentes RGPs.




6. O especialista tem que saber polir as lentes RGPs para pequenos ajustes:

A adaptação de lentes de contato rígidas requer uma avaliação ao vivo do paciente para saber se são necessárias pequenas modificações na lente de forma a proporcionar melhor conforto e melhor relação lente/córnea, assegurando o equilíbrio fisiológico corneano e sua proteção contra qualquer possibilidade de lesão. São poucos os profissionais que examinam um padrão de lágrima no biomicroscópio e com isso compreender se modificações se fazem necessárias. Também é necessário polimento quando as lentes apresentam algum risco ou depósito muco-proteico que não sai na limpeza diária comum, com o polimento as lentes podem ser revigoradas e durar mais um bom tempo confortáveis, seguras e assegurar uma boa visão.


Se o médico observar que é necessário modificação da lente, ele poderá fazer ele mesmo se possuir o conhecimento e o treinamento para isso, ou então deverá contar com um laboratório experiente que faça as modificações para ele. Geralmente essa segunda opção é um tanto falha, uma vez que a informação entre o médico o e o técnico no laboratório podem não funcionar devido a falha de comunicação, falta de conhecimento de ambos um na área do outro e principalmente por não ser um serviço personalizado.


Esta é a razão que desenvolvi o conceito da Consultoria Digital Especializada, onde os oftalmologistas credenciados na Ultralentes produzem fotos digitais e filmes do padrão de fluorosceína, enviam ao nosso laboratório para que sejam feitas as alterações necessárias de maneira que possamos fazer lentes absolutamente personalizadas aos pacientes. Isso é especialmente importante nos pacientes com ceratocone, pois frequentemente esses pacientes precisam que suas lentes sejam ajustadas, principalmente quando são lentes que não tem uma boa qualidade.


As lentes Ultracone dificilmente necessitam de ajustes tal é o alto grau de qualidade e tecnologia envolvidas, e então se casos difíceis se apresenta, o oftalmologista credenciado faz uso da consultoria digital, fotografando e/ou filmando os testes para repassar ao laboratório Ultralentes.


Quando uma lente fica muito riscada ou com fortes depósitos de proteína da lágrima, é necessária sua substituição. Não é recomendado insistir com lentes muito velhas pois os riscos de problemas aumentam, além da qualidade e acuidade visual que diminuem substancialmente e progressivamente. Lentes bem cuidadas podem durar até 3 ou mais anos, mas é de fundamental importância que o paciente visite o oftalmologista ou vá na clínica para avaliação de lentes a cada 12 meses no mínimo, isso se estiver tudo bem.


O polimento das lentes é uma atividade especializada, se não for feita por um técnico altamente qualificado as chances são de que as lentes fiquem ainda piores do que estavam, por essa razão é necessário ter certeza de que suas lentes são feitas por quem sabe realizar estas modificações com maestria.


7. Tenha lentes especiais de reserva atualizadas:

Pacientes com ceratocone e que não estão passando por episódios de progressão devem ter lentes reservas para o caso de perda ou quebra acidental de uma das lentes. Os laboratórios podem levar dias, até mesmo semanas para que uma nova lente possa chegar ao oftalmologista e posteriormente ao paciente, e ficar sem lente durante esse período é desgastante para o portador de ceratocone que fica com a visão debilitada, além de perder um pouco a adaptação nesse olho conforme a demora.

É importante que o paciente se desfaça de suas lentes antigas, jogando-as fora ou devolvendo ao médico para que sejam eliminadas, isso serve para a proteção do paciente, pois o uso de lentes antigas podem causar erosão de córnea, ceratites e até mesmo úlceras de córnea com o uso insistente.

Luciano Bastos*
Fonte: Originalmente publicado em http://www.iosb.com.br/ - www.ultralentes.com.br/forum
Atualizado em 27/09/2012

*Luciano Bastos é diretor do Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos, técnico especializado em lentes de contato pela Contact Lens Association of Ophthalmologists (CLAO), membro internacional da British Contact Lens Association (BCLA - UK), membro da Contact Lens Society of America (CLSA University - USA), membro internacional do Gas Permeable Lens Institute (GPLI - USA), membro internacional da Contact Lens manufacturer Association (CLMA - USA), membro da Scleral Lens Education Society (SCL - USA), diretor da Ultralentes I.O.L., consultor especializado em pesquisa clínica e científica de desenhos especiais de lentes RGPs para córneas irregulares e colabora com artigos sobre lentes de contato para as revistas especializadas Contact Lens Spectrum Magazine (USA), The Contact Report (USA) e Global Contact (Europe).

terça-feira, 19 de agosto de 2008

PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DO CERATOCONE

Os meios de comunicação tem noticiado com alguma freqüência sobre tratamentos gratuitos para o ceratocone em alguns hospitais. Naturalmente a notícia é um alento para aqueles que estão procurando alternativas de tratamento com menor custo ou gratuito. Os pacientes se inscrevem e são selecionados de acordo com critérios estabelecidos pela equipe de oftalmologistas, e se estiverem dentro do critério entram na fila para serem examinados, no que é chamado de pré-seleção. Depois de verificada a indicação para determinado tratamento, o paciente aguardá até ser chamado e inicia-se o tratamento.

Uma coisa que precisamos estar atentos quando falamos em tratamentos alternativos é que não são tratamentos simples, são estudos científicos e clínicos geralmente experimentais nos quais o paciente tem que assinar um termo de consentimento informado no qual ele atesta que está se submetendo a um tratamento experimental e que reconhece os possíveis resultados e efeitos colaterais conhecidos que podem ocorrer. O tratamento do Crosslinking (CXL), mais conhecido como Crosslink apenas, é um destes tratamentos. Maiores informações sobre este tratamento você pode encontrar aqui no Blog em publicação de outro dia e mês.

É importante que os pacientes que submetem-se ou que pretendem apresentar-se a estes serviços, saibam que é um tratamento experimental. Embora seja promissor, ainda está em estudos em vários países. Nos EUA por exemplo, o Crosslink é um tratamento absolutamente experimental, não é pago e somente clínicas e serviços de oftalmologia específicos
estão habilitados a aplicar o tratamento, sob rígida vigilância e protocolo de segurança do FDA (Food & Drug Administration). Também é importante mencionar que os primeiros casos tratados no mundo foram realizados há aproximadamente 8 anos, o mais antigo tem 10 anos de acompanhamento, mas estes são poucos casos apresentando uma amostragem muito pequena, logo os especialistas e autoridades não podem considerar estes casos, mas sim aguardar os mais recentes, em bem maior número, e por alguns anos até que possa-se conhecer como irá evloluir o quadro e assim apresentar trabalhos bem fundamentados, com números ricos e que componham uma amostragem significativa. Somente desta maneira é que um estudo sério pode ser feito e os orgãos oficiais de saúde autorizarem e os conselhos de medicina reconhecerem um tratamento como válido e seguro.

Temo que a busca desenfreada de alternativas a lentes de contato que o paciente não se adapta e aos tratamentos cirúrgicos como implante de anéis intracorneanos e o transplante de córnea possa levar alguns pacientes a procurarem especialistas que ofereçam este tratamento em clínica privada, onde seguramente o tratamento não deve ser gratuito. É importante saber se a clínica faz parte de algum estudo experimental que esteja aplicando a técnica com a finalidade de pesquisa e experiência, pois assim sendo, o paciente pode optar entre submeter-se ou não ao tratamento, ele será devidamente informado dos possíveis resultados e prognósticos.

Em alguns países, o tratamento conjunto de implante de anel intraestromal e a aplicação posterior do crosslinking já vem sendo feita a poucos anos, e embora os websites destas clínicas e estudos mostrem somente bons resultados, existe também resultados adversos, e é importante que isso seja esclarecido. Na internet é possível encontrar relatos de pequenas complicações. Uma outra questão que deve ser vista com grande cautela, é o tratamento múltiplo, de implante de anel, crosslink e posterior cirurgia refrativa por ser muito agressivo para a córnea. O implante de segmentos de anéis, embora minimamente invasivo, produz os dutos na córnea para receber as pequenas próteses em forma de meia-lua. O crosslink raspa o epitélio da córnea ou aplica álcool diluido para remover a camada mais fina do epitélio da córnea, preparando a córnea para receber a Riboflavina que se ligará ao colágeno de córnea com a exposição da córnea a raio ultravioleta A, de forma absolutamente controlada, com tempo de aplicação, distância precisa e intensidade do raio controladas. Variações nestas variáveis podem levar a resultados diferentes ou a intercorrências imprevistas, como haze corneano. Imagine então esta córnea agora será submetida a fotoablação por excimer laser, já existem relatos dessa terceira técnica sendo utilizada em alguns casos, possivelmente o PRK (Photo Refractive keratotomy) que é aplicada diretamente na córnea, pois o tratamento de cirurgia refrativa mais popular existente é o Lasik (Laser Assisted In Situ Keratomileusis) e já se sabe que esta técnica provoca o enfraquecimento da resistência biomecânica da córnea, pelo fato de que quando o microcerátomo (pequeno intrumento de alta precisão que produz um flap na córnea) é aplicado, ocorrem cortes de fibras importantes na córnea, que provocam o enfraquecimento corneano. Naturalmente existem técnicas mais sofisticadas como o EpiLasik, entre outras, que produzem flaps mais rentes ao epitélio corneano, evitando parte da perda desta resistência biomecânica.

As cirurgias refrativas são contraindicadas no ceratocone, em alguns casos de pacientes com indicação cirúrgica para a cirurgia refrativa ocorrem seqüelas como ectasia induzida pós-cirúrgica, também conhecida como ceratoectasia (keratectasia) pós-cirurgia refrativa. Deve haver extrema cautela dos profissionais e pacientes para o advento destes tratamentos múltiplos e sequenciais. As autoridades e orgãos profissionais como o CFM e o CBO devem atuar juntos com a finalidade de criar protocolos de segurança para a aplicação destes novos métodos de tratamento. O exemplo dos EUA é um caminho saudável a seguir.

Obs. Informações sobre os assuntos tratados no texto acima estão disponíveis na internet, cabe apenas procurar por eles para confirmar que são procedentes e que poderão ser ratificadas por especialistas.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

ENQUETE: RESULTADOS DO IMPLANTE DE ANEL NO CERATOCONE

Olá a todos,

O Fórum Ultralentes, de REABILITAÇÃO VISUAL, está com uma enquete sobre os resultados obtidos no procedimento de implante de anéis intraestromais como tratamento do ceratocone. A enquete tem a finalidade de criar reunir uma amostragem que possa fornecer condições de se fazer um estudo estatístico dos resultados. Basta clicar no link abaixo para visitar o fórum.


LINK > ENQUETE SOBRE RESULTADOS DO IMPLANTE DE ANEL NO CERATOCONE


Para poder votar nesta enquete, você terá que registrar-se no fórum e assim poderá visitar o tópico-enquete e votar. O fórum é aberto a todos, tem uma boa quantidade de informaçãoes que são disponibilizadas e atualizadas com freqüência sobre o ceratocone e tratamentos, entre outros assuntos pertinentes a reabilitação visual.

De tempos em tempos você poderá visitar o fórum e ver os resultados da enquete na medida em as pessoas forem votando. Divulgue a enquete e colabore para a melhoria da qualidade das informações e do estudo em torno disso. O Fórum Ultralentes é aberto, moderado, seguro e livre de spam.

Ajude a divulgar a enquete!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Comunidade Ceratocone e Tratamentos do Orkut - Aniversário em 19 de Julho - 4 anos

O tempo voa, neste Sábado 19 de Julho a comunidade Ceratocone e Tratamentos do Orkut irá completar 4 anos de existência. A comunidade foi criada para ser um ponto de referência e informação sobre ceratocone na internet, para os membros do Orkut que crescia em alto rítmo pelo Brasil afora. Em menos de uma semana já havia cerca de 30 membros registrados, em um mês eram quase 100, em três meses eram quase 400 membros. Hoje a comunidade está com mais de três mil e quatrocentos membros e o cadastro de novos membros continua crescendo a cada dia.

Embora hoje se saiba que o ceratocone se manifesta em uma em cada 1500 - 2000 pessoas, é impressionante o número de portadores de ceratocone que registram-se na comunidade, sendo que alguns tem entrado justamente por causa desde BLOG, que é o Portal da Comunidade fora do Orkut.

O crescimento quase exponencial do número de indivíduos com ceratocone tem explicações. Há anos atrás, o diagnóstico do ceratocone era mais difícil quando em fase inicial, não existiam os equipamentos sofisticados como os topógrafos computadorizados de hoje, que além do mapeamento de milhares de pontos da córnea também oferecem (os mais sofisticados) mapas de elevação posterior da córnea (porção de dentro da córnea), paquimetrias precisas (espessura da córnea) em vários pontos, gráficos em 3 dimensões, mapas comparativos, etc. Com estas tecnologias tornou-se mais fácil identificar os casos de ceratocone mais precoces que anterioemente eram tratados apenas como astigmatismo corneano, embora em muitos casos ainda existam dúvidas sobre o diagnóstico correto, tanto é que muitos diagnósticos são redigidos com a expressão SUSPEITA DE CERATOCONE ou possível ceratocone.

Outro fator que contribui ainda mais para o maior número de casos de ceratocone ocorre devido a popularização da cirurgia refrativa por fotoablação pelo excimer laser, tanto pela técnica de PRK [Photo Refractive keratotomy] como pelo LASIK [laser Assisted In Situ Keratomileusis], pois começaram a surgir cada vez mais casos registrados de ceratoectasia induzida pela cirurgia, o que causa um ceratocone "adquirido" no paciente. De fato devido a popularização da cirurgia, é provável que muitos casos ainda ocorram. Mas com os exames topográficos mais sofisticados como os citados acima, muitos pacientes são contraindicados devido a presença ou pela suspeita de ceratocone, logo é natural e perfeitamente compreensível que sejam diagnosticados a cada dia mais pacientes que tem ou tem alguma probabilidade de desenvolver a patologia.

Esta explicação é razoável o suficiente para justificar porque esta comunidade é hoje possivelmente o mais bem informado e organizado grupo de discussões sobre ceratocone do Brasil. Mas também há um fator que preponderante que ratifica a credibilidade da comunidade e de suas discussões. É a alta confiabilidade das informações, todas elas fundamentadas em pesquisa e na literatura médica brasileira e internacional, com fontes de alta credibilidade e extremamente confiáveis. Assim como muitos médicos já comentaram, informações obtidas na internet devem ser vistas com cautela, também sabemos disso, e por esta razão que tudo é religiosamente conferido e checado, qualquer informação incorreta, incompleta ou deturpada, é imediatamente corrigida. Muitas vezes os próprios membros contribuem com informação, e há uma legião de moderadores e colaboradores que está sempre alerta e que checa qualquer nova informação postada no fórum da comunidade.
Existem alguns oftalmologistas que eventualmente participam das discussões, são sempre bem-vindos, e acredito que mesmo alguns possam aprender algumas coisas ali, pois a comunidade é hoje um grande concentrador de informações confiáveis. Sempre que se fala em ceratocone, o enfoque é totalmente dirigido a orientar a pessoa, se ela relata um aspecto importante, imediatamente é orientada a procurar o oftalmologista. A comunidade age em conformidade com e a favor da oftalmologia e não procura em momento algum substituí-la, muito pelo contrário. Acreditamos que a informação precisa e a amostragem de dados expressa na comunidade é um caminho extremamente saudável para que as pessoas possam procurar os melhores tratamentos e alternativas com o oftalmologista.

A comunidade Ceratocone e Tratamentos também tem a colaboração do Fórum de Reabilitação Visual, o Fórum Ultralentes! que está aberto ao público fora do Orkut e que oferece a oportunidade de acesso a informações, pedidos de ajuda, estudos, troca de idéias e além disso fotografias, filmes do You Tube. É uma ótima idéia participar também do Fórum Ultralentes.

Meus agradecimentos a todos os membros da Comunidade Ceratocone e Tratamentos do Orkut, sem vocês essa comunidade não teria o mesmo refinamento. Ao pessoal da Ultralentes e do IOSB que tanto tem contribuido com informações e ajuda quando necessário, é bom poder contar com amigos em todas as horas. Esperamos todos que esta comunidade possa ajudar a muitas pessoas nos anos que vem pela frente. Ela está a dispor de quem precisar, é só entrar e solicitar o registro e aguardar a liberação.

Um feliz aniversário para a comunidade neste dia 19 de Julho de 2008.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Adaptação de Lentes RGPs Pós-Implante de Anel

O Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos desenvolveu juntamente com o laboratório Ultralentes uma lente especial para a adaptação de pacientes submetidos a cirurgia de implante de anéis intraestromais ou intracorneanos. A lente Ultracone PCR vem sendo desenvolvida desde 2005 com muita pesquisa clínica e científica para que seja possível uma melhor adaptação de lentes em casos de ceratocone onde o paciente foi submetido ao implante de segmentos de anéis intracorneanos.

No início, criou-se muita expectativa em torno deste procedimento de implante de segmentos de anéis, entretanto a história tem mostrado que os resultados variam de paciente para paciente e que somente os casos mais iniciais do ceratocone produzem resultados mais estáveis, e mesmo assim para a melhor correção e qualidade visual, é necessária a adaptação de lentes de contato. Também acreditava-se no início que o fato de o paciente estar com a córnea possivelmente mais plana, devido ao mecanismo de força desempenhado pelos arcos dos segmentos, que a adaptação de lentes seria facilitada. Hoje sabe-se que em grande parte dos casos, uma das extremidades de um dos segmentos geralmente fica elevada, dificultando na verdade a adaptação de lentes mesmo especiais para ceratocone. É freqüente depara-se com erosão de córnea e ceratite nestas áreas, gerando desconforto e risco para o paciente nestes casos. A lente Ultracone PCR vem justamente preencher esta lacuna que foi criada devido a essa dificuldade, com uma lente que envolve a região sem a presença de toque, oferecendo boa centralização e sem a presença de microbolhas.

Pacientes que tiveram extrusão primária e secundária de um primeiro e as vezes segundo procedimento de implante, e que ficaram com apenas um dos segmentos do anel na córnea são beneficiados dessa tecnologia única e pioneira da lente Ultracone, concebida por Luciano Bastos e desenvolvida pela equipe do IOSB e da Ultralentes. A necessidade de encontrar uma solução para estes casos surgiu quando alguns pacientes que foram submetidos ao implante de anéis começaram a aparecer no Instituto de Olhos Dr. saul Bastos, alguns indicados por colegas, outros procurando o Instituto por ser referência nacional e internacional na adaptação de lentes especiais em casos complexos. Desde então, iniciou-se um estudo longitudinal controlado e com intervenção, de maneira a reproduzir a melhor resposta fisiológica da adaptação em uma córnea que possui características topográficas totalmente diferentes daquela do ceratocone ou de uma córnea regular. O estudo teve cerca de 2 anos de duração e possibilitou uma amostragem significativa de casos que culminou no desenvolvimento das lentes Ultracone PCR e PCR 2, variantes da lente Ultracone (tipo Soper modificada) original.

A lente Ultracone PCR além de funcionar muito bem em casos de ceratocone com implante de aneis, também proporciona excelentes resultados em casos de Ceratoglobo, Degeneração Marginal Pelúcida e em ceratocones mais deslocados do eixo visual. Alguns oftalmologistas no Brasil, em centros de referência estão utilizando já as lentes Ultracone PCR e encomendando para seus pacientes. Recentemente a Dra. Cleusa Coral Ghanem apresentou dois trabalhos no Congresso da APO e da SOBLEC em Curitiba, sendo uma das palestras sobre a adaptação de lentes Ultracone no ceratocone e da lente Ultracone PCR nos casos de pós-implante de anéis intraestromais.

Fonte: Fórum de Reabilitação Visual Ultralentes

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Ceratocone e Crosslink e Cirurgia Refrativa

O tratamento "Corneal Collagen Crosslink with Riboflavine" ou crosslinking (CXL) como é conhecido internacionalmente, ou simplesmente "Crosslink" aqui no Brasil, sem dúvida é uma técnica promissora. Os estudos iniciais mostram que a utilização da técnica aumenta a resistência bio-mecânica da córnea, interrompendo a evolução do ceratocone, sendo que em alguns casos há necessidade de re-tratamentos em aproximadamente 3 a 4 anos. O uso da técnica do CXL em conjunto com o implante de anéis intracorneanos também é promissor, não cura o ceratocone, mas permite um aplanamento da córnea e diminuição das irregularidades da córnea e com a adição do "crosslink" e em casos iniciais é possível se obter uma visão satisafatória, sem ou com correção de óculos. Em outros casos, ainda existe a necessidade de se adaptar lentes de contato, preferencialmente as rígidas gás permeáveis (RGPs) que proporcionam melhor acuidade visual e melhor resposta fisiológica da córnea.

O CXL não é uma técnica simples, mas sim menos invasiva

O CXL não é tão simples como as pessoas pensam. Existem variáveis importantes, desde a calibragem do raio ultravioleta, a profundidade de raspagem do epitélio, o método de raspagem, a quantidade de riboflavina, o tempo de exposição ao raio ultravioleta, a distância segura a ser aplicado, a resposta fisiológica da córnea, a paquimetria (espessura da córnea), a microscopia especular, etc. O procedimento é absolutamente experimental, e as pessoas candidatas a esta técnica estão submentendo-se a experiências e estudos que levarão a um aperfeiçoamento da técnica. No Brasil, estudos feitos na Unifesp, no Instituto da Visão , na UFRJ e no Hospital Oftalmológico de Sorocaba com essa técnica iniciaram recentemente. Há ainda a necessidade de mais tempo para que possam ser completados estudos que trarão novas informações e aprendizado a oftalmologia brasileira assim como os pioneiros que iniciaram estes estudos há cerca de 3 ou mais anos. Estudos ainda são recentes, logo a amostragem de pacientes para avaliação a longo prazo ainda é muito baixa, embora os estudos sejam sem dúvida promissores.

O que nos reserva o futuro no tratamento do ceratocone?

Vejo com bastante reserva a idéia de que em breve oftalmologistas no Brasil e no exterior resolvam fazer as primeiras experiências com a combinação de técnicas de tratamento, por exemplo: implante de anéis intraestromais (intracorneanos), Crosslink e depois PRK (ou Lasik?). Quando mencionei que vejo com reserva essa possível situação, digo apenas por cautela, pois é importante lembrar que a córnea é uma estrutura frágil e que submetê-la a três procedimentos cirúrgicos, mesmo que de diferentes "níveis de invasão", é no mínimo temeroso e discutível, devido ao maior risco que isso pode oferecer ao paciente. Já existe o uso de técnicas combinadas, como mostrarei a seguir, a primeira o CXL com implante de anéis, que vem sendo testado e experimentado já há alguns anos, e o CXL com PRK (Photorefractive Keratotomy por excimer laser). A combinação das três técnicas possivelmente já está sendo utilizada, mas os resultados e dados científicos não existem.

O que a comunidade científica deve honrar e lutar sempre é que os profissionais apresentem não somente os resultados bons, mas também que apresentem os maus resultados ou complicações, desta forma poderá-se evoluir e até mesmo prevenir futuros casos candidatos ao insucesso. É comum alguns médicos apresentarem em congressos seus trabalhos de sucesso, deixando algumas vezes os problemas "engavetados", até mesmo porque ninguém gosta de admitir um mau resultado, e isso é comum, embora não seja o caminho mais saudável a tomar.

A seguir, vídeo falando do CXL com implante de anéis:

http://www.youtube.com/watch?v=lwkyCxCNrGc

E outro falando sobre o CXL e o PRK:

http://www.youtube.com/watch?v=WM6VgkjcHpQ
Na medida em que relatos e estudos estiverem disponíveis, estes serão postados aqui no Blog Ceratocone e Tratamentos. Para maiores informações e conectividade, acesse também o Fórum Ultralentes!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Tratamentos para Ceratocone

Ceratocone e Diagnóstico

Com a popularização dos exames de topografia corneana computadorizados, também conhecidos como videoceratoscopia computadorizada, ficou muito mais fácil de identificar e diagnosticar o ceratocone desde seu início. Nesta fase o caso pode ser interpretado como suspeita de ceratocone ou mesmo como um astigmatismo corneano. Os exames mais sofisticados de equipamentos como Pentacam, Nidek Magellan Mapper entre outros, oferecem dados de extrema precisão da córnea, que vão além da topografia de córnea. É possível obter paquimetrias de não contato de grande precisão de toda a extensão da córnea, mapas de elevação anterior e posterior, entre outros dados que podem ser utilizados como estudo da córnea e das ectasias corneanas, como o ceratocone, a degeneração marginal pelúcida, ceratoglobo e outras distrofias da córnea, além de casos pós-transplantes, pós-implante de anéis intracorneanos ou mesmo de córneas irregulares pós-cirúrgicas. Sendo assim, hoje é possível se obter diagnósticos muito mais precisos utilizando estas tecnologias, que apesar de serem de altíssimo custo, podem significar a diferença entre um diagnóstico de "suspeita" de ceratocone de um diagnóstico definitivo desta patologia. A tecnologia pode igualmente colaborar na adaptação de lentes de contato de alta performance no ceratocone avançado e também ajudar na elaboração de um plano de tratamento, seja ou não cirúrgico.


Tratamentos Existentes e Reconhecidos

Óculos e Lentes de Contato ConvencionaisAtualmente existem diferentes opções para o tratamento do ceratocone disponíveis, entre elas a tradicional prescrição de óculos quando é possível obter-se uma acuidade e qualidade visual aceitável, as lentes de contato gelatinosas ou rígidas convencionais. Existem lentes especiais rígidas, gelatinosas e híbridas de desenhos mais sofisticados para casos mais graves. Uma tecnologia que vem crescendo muito são as lentes de contato RGPs de alta performance que abrangem todos estes casos como as lentes Ultracone que atualmente permitem a adaptação em casos avançados e extremos, graus IV e V respectivamente.

Tratamentos CirúrgicosTemos como opções cirúrgicas, o implante de segmentos de anéis intraestromais (o implante de um segmento único também pode ocorrer), um procedimento minimamente invasivo que é reversível, e das técnicas de cirurgia de transplante de córnea, como a ceratoplastia penetrante e a ceratoplastia lamelar com o uso do Intralase. É importante ressaltar que a cirurgia de implante de anéis intraestromais foi apenas reconhecida há poucos anos, tanto nos EUA pelo FDA (Food & Drug Administration) como no Brasil pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

Tratamentos em EstudoUm estudo que vem sendo conduzido em alguns países, inclusive já no Brasil, é o C3R ou Colagen Crosslink with Riboflavine. A técnica, realizada ambulatorialmente, leva cerca de 30 minutos e consiste na raspagem do epitélio corneano e a aplicação de riboflavina sob luz UV-A. O propósito do procedimento é prover a córnea do paciente com ectasia corneana a rigidez e resistência necessária para que ela possa interromper sua progressão, barrando desta maneira sua tendência de afinar e evoluir. A técnica não permite uma cura, mas um maior controle do ceratocone. Os resultados mostram-se promissores, embora seja necessário um maior tempo para estudar os resultados a longo prazo.

Existem algumas clínicas em outros países fazendo estudos com esta técnica em conjunto com o implante de anéis intraestromais, o que permite que além de controlar o ceratocone, fortalecendo a córnea, pode-se aplanar a ectasia, diminuindo assim a curvatura e a irregularidade da córnea. Em casos iniciais da patologia os resultados são melhores, já em casos mais avançados consegue-se amenizar as irregularidades, não removendo-as completamente, sendo necessária ainda correção visual (adaptação de lentes de contato geralmente ou óculos se possível).

Ao que tudo indica, haverá em um futuro próximo, estudos onde serão aplicados três técnicas em conjunto, o C3R, o implante de segmentos de anéis intraestromais e finalmente a realização de cirurgia refrativa a laser por fotoablação. Ainda há muito o que considerar para submeter uma córnea transparente e sem lesão a tantos procedimentos, mas não resta dúvidas de que os estudos são promissores, mesmo que sirvam apenas em alguns casos.

Estudos das técnicas de tratamento do ceratocone.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Comunidade Ceratocone e Tratamentos do Orkut

Olá a todos,

É uma alegria ver a comunidade criada em 19 de Julho de 2004 estar hoje quase ultrapassando o número de 3000 membros. A pessoa que me falou do Orkut em primeiro lugar, foi o oftalmologista Dr. Saul Bastos, o que me causou muita surpresa na época, pois ligado em alta tecnologia e em internet como sou, ainda não conhecia o Orkut. Eles me falaram que tinham lido ou ouvido falar e perguntaram se eu estava participando, claro que fiquei com a aquele ar de "hã?" hehehe.


Com esse empurrãozinho logo um amigo me enviou o convite (na época só entrava por convite) e tive a iniciativa de criar a comunidade que leva este mesmo nome do blog, para ajudar a pessoas que eventualmente pudessem precisar de ajuda. Conhecendo meus mentores profissionais na área e no exterior, sabia da imensa dificuldade e desinformação que existia (e ainda existe) sobre o tema ceratocone e naturalmente sobre os diversos tratamentos existentes e em estudo.


O que eu não esperava era que a comunidade crescesse na ordem de aproximadamente 72 por mês, tendo períodos de picos de novos membros e outros de crescimento mais lento e gradual, mas hoje, 3 anos e meio depois, somos quase 3000 membros, e em poucos dias seremos mais de 3000. Tenho feito um trabalho intenso e árduo, até mesmo em minhas quase constantes viagens profissionais, para estar presente e levar conteúdo de qualidade, informações precisas e com referências muitas vezes bibliográficas em publicações científicas e médicas, além de também ter apoio de diversos oftalmologistas que tive a oportunidade de conviver e conhecer.


Tenho que agradecer também a participação dessa comunidade, muitos ali ajudam aos outros e me ajudam também, postando informações valiosas e precisas. É sem sombra de dúvidas, a comunidade mais bem informada e mais organizada, o grupo de discussões de mais alto nível que conheço na América Latina. É uma honra estar a frente nessa missão e contar com esse pessoal que participa, gente da melhor qualidade e que amadurece a cada dia, dá um grande alento a aqueles que recebem o diagnóstico e ficam angustiados e ávidos por maiores informações.


Um agradecimento especial ao pessoal da Ultralentes e do IOSB de Porto Alegre que muito tem apoiado essa comunidade, com informações valiosas e explicações sobre casos especiais, não somente de ceratocone mas como outros assuntos correlatos. Sem eles eu teria uma imensa dificuldade em poder realizar todo esse trabalho. Eu da minha parte, também ajudo a divulgar o trabalho realizado por eles, pois a lente Ultracone é provavelmente a melhor lente de contato para ceratocone no mundo, e o IOSB é que desenvolve a pesquisa científica e clínica para criar lentes e técnicas de adaptação de lentes especiais que acabam beneficando milhares de pacientes no Brasil e alguns outros no exterior.


A comunidade Ceratocone e Tratamentos está aberta a todos que quiserem participar, e também o Fórum Ultralentes, basta clicar nos nomes aqui para entrar (links). Você que chegou a este blog, saiba que é um portal da comunidade no Orkut, e que o Fórum Ultralentes também tem informações valiosas e um espaço para que você possa ser orientado e tirar dúvidas.


Um abraço a todos e lembrem-se de que aqui é a sua casa, sinta-se a vontade para participar, seja em que veículo for, até mesmo postando suas mensagens aqui no Blog. No Orkut, o Ricardo e a Vera me ajudam na moderação e eventualmente ajudando aos novos membros que lá chegam, procure ler os tópicos de como postar, o F.A.Q. da comunidade e seus tópicos mais importantes, com certeza você irá encontrar muita coisa interessante ali.




Luke
Organizador da Comunidade