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Este blog tem o compromisso de divulgar informações precisas e atualizadas sobre o ceratocone e as opções de tratamento, cirurgias e especialmente da reabilitação visual com uso de óculos ou lentes de contato.

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

ESTATÍSTICAS INTERESSANTES SOBRE CERATOCONE

Fui convidado a postar e comentar algumas enquetes realizadas na Comunidade Ceratocone e Tratamentos do Orkut, desta vez procurei separar alguns temas que mercem especial atenção e que proporcionam uma base confável de dados para uma análise "estatística". Os temas selecionados serão postados a seguir juntamente com alguns comentários, como segue:

COÇAR OS OLHOS

Fig.1 Tabela das respostas dos membros da comunidade sobre coçar os olhos.

Praticamente todos os estudos sobre a origem do ceratocone os quais tive a oportunidade de ler até hoje mencionam o ato de coçar os olhos como um componente importante no surgimento e no desenvolvimento da patologia. Muitos avanços foram feitos nessa área mas ainda há muito o que ser estudado para que se possa compreender o que leva a córnea a manifestar o ceratocone.

Esta enquete demonstra que cerca de 60% (aproximadamente) dos pacientes com ceratocone realmente coçam os olhos (ou coçavam até serem orientados a não coçar) e que realmente a coceira nos olhos é um componente importante no surgimento e desenvolvimento da patologia. Ao observarmos a tabela 1 pode-se perceber que cerca de 30% dos pacientes responderam que somente em determinadas épocas que sentem coceira e coçam os olhos, possivelmente de forma sazonal naquelas épocas de mudança de estação e com as mudanças climáticas da época. Isso eleva o percentual de pacientes com ceratocone que coçam os olhos, seja de forma sazonal ou crônica para 90%. Apenas 10% das respostas foram de que raramente coçam ou que não coçam os olhos, esses devem receber especial atenção para saber que tipo de gatilho pode ter ativado a patologia. O gráfico abaixo (figura 2) mostra em 3D a disposição da população (pessoas com ceratocone que responderam a pesquisa) de 186 pessoas. 


Fig.2 A disposição de portadores de ceratocone quanto ao ato de coçar os olhos.

É muito importante que os pacientes portadores de ceratocone sejam orientados a não coçar os olhos, especialmente se tiverem o costume de coçar com muita força. O ato mecânico de coçar os olhos afeta a resistência biomecânica da córnea, distendendo as fibras de colágeno e enfraquecendo a resistência natural, favorecendo as condições para o surgimento ou mesmo agravamento da patologia. Nos casos de alergia ocular o oftalmologista pode prescrever um colírio anti-alérgico e se for o caso um colírio lubrificante ocular em forma de lágrima artificial. Muitos casos de olhos secos estão associados a alergia ocular e ao ceratocone, portanto é sempre saudável manter os olhos bem lubrificados. Algumas dicas que o oftalmologista pode dar aos pacientes são: 
  • Lembrar de piscar completamente: Muitas vezes os sintomas de olhos secos ou mesmo irritação ocular são ocasionados por um piscar incompleto ou na falta de piscar, especialmente aqueles que utilizam muito computador e vide-games. Naturalmente que não é o computador ou monitor que causa problema e sim o fato do paciente não piscar e permanecer com os olhos abertos por períodos prolongados de tempo, o que faz com que a quantidade geral de lágrima nos olhos diminua consideravelmente pela evaporação e a superfície ocular irá ser afetada, causando sensação de coceira ou incômodo e olhos vermelhos.
  • Lavar as pálpebras quando lavar o rosto ou durante o banho é importante para previnir a brefarite, prestar atenção se está surgindo casquinhas nos cílios e consultar o oftalmologista caso perceba esse sintoma que pode ser interpretado como um descamamento da pálpebra. O seu oftalmologista irá prescrever a medicação adequada e orientar a lavar bem as pálpebras, é recomendável utilizar shampoo neutro daqueles de bebê que não irritam os olhos, feche bem os olhos e faça a lavagem enxguando bem logo em seguida.
  • Lentes de contato: As lentes de contato rígidas são largamente a técnica de reabilitação visual mais utilizada e mais eficaz no tratamento de correção visual no ceratocone portanto é importante mnecionar cuidados como lavar bem as mãos ao manipular as lentes, lavar bem as lentes com os produtos indicados (o mesmo shampoo acima citado pode ser utilizado, desde que após enxaguar elas sejam novamente limpas com os produtos indicados pelo seu médico). Lentes rígidas com o tempo podem paresentar depósitos muco-proteícos da lágrima que aderem a sua superfície, causando desconforto e irritação ocular. Da mesma maneira lentes de má qualidade ou mal-adaptadas são de difícil adaptação e podem produzir lesões e irritação na córnea.
  • Produtos de lentes utilizados tem que ser bem avaliados, algumas pessoas tem alergia a certos produtos de lentes, portanto se for o seu caso reporte isso ao seu oftalmologista para que ele possa avaliar e conforme for modificar o sistema utilizado. 
  • A ordem é "NÃO COÇAR OS OLHOS" entretanto as vezes isso é praticamente impossível do paciente seguir, se a coceira estiver incomodando muito faça massagens leves sem esfregar com força os olhos. O ideal é utilizar um colírio em forma de lubficante ocular gelado. Você pode guardá-lo dentro da geladeira desde que em local seguro (pode utilizar um saco plástico para isolar ele dos alimentos), o colírio lubrificante gelado age como um anti-inflamatório natural e além de lubrificar a córnea irá proporcionar um alívio ao sintoma.
  • Cuidado com os agentes alérgenos que provocam alergia, muitos pacientes referem serem alérgicos a determinadas substâncias, e que quando expostas a elas sentem coceira nos olhos. Procure identificar que agentes são esses e evite o contato ou ingestão dos mesmos sempre que possível pois isso poderá provocar a coceira.


CERATOCONE É HEREDITÁRIO? ALGUÉM EM SUA FAMÍLIA TEM?

Esta é uma questão que muitos pacientes perguntam ao seu médico oftalmologista, especialmente mães que possuem a patologia e preocupam-se com a possibilidade dos filhos virem a manifestar a patologia. A ordem é acompanhar, sempre. É importante que o recém nascido faça o "teste do olhinho" e que ao longo do crescimento da criança ela faça exames regularmente. O médico irá orientar sobre a periodicidade das consultas conforme cada caso.

Na enquete sobre a possível hereditariedade do ceratocone a tabela mostrada abaixo na figura 3 é bastante clara ao demonstrar que entre os 359 indivíduos que responderam a esta questão cerca de 71% (255 pessoas) relataram que não possuem nenhum familiar com a patologia, ao menos que eles conheçam. Fica claro que o fato de um indivíduo ter a patologia não quer dizer que obrigatoriamente um familiar direto terá, especialmente os descendentes. Mas examinando os percentuais dos que possuem familiares é possível concluir que existe alguma ligação e ela provavelmente é de origem genética, contudo o gatilho que desperta a patologia em um familiar ou em um indivíduo permanece ainda uma incógnita, exceto o ato de coçar os olhos que é seguramente um dos principais componentes embora cerca de 10% indivíduos afirmem não coçar ou raramente coçar os olhos (Fig.1). 

Figura 3: Tabela sobre a pesquisa da hereditariedade ou não no ceratocone.

Alguns estudos estão sendo realizados há cerca de uma década sobre a etiologia do ceratocone, sua origem, desenvolvimento, qual o gatilho que desperta a patologia. Já foram identificados alguns genes que são comuns nos pacientes com ceratocone, entretanto estes estudos carecem de muito mais pesquisa e isso leva tempo. É sem dúvida um estudo interessante pois a partir do momento em que melhor compreende-se de como a patologia toma sua forma, talvez seja possível desenvolver métodos de deter até mesmo a patologia antes de ela manifestar-se. Seria possível identificar pacientes jovens, especialmente crianças com tendência para desenvolver o ceratocone e trabalhar para eliminar o gatilho que poderia gerar sua manifestação clínica.

Hoje o que sabemos ainda é o mesmo que já se sabia anos atrás, evitar coçar os olhos e as alergias (especialmente a rinite alérgica) que afetam as mucosas dos pacientes com ceratocone. Sabe-se hoje que a lágrima pode ter um componente importante no equilíbrio fisiológico da córnea e uma alteração na sua composição pode levar a uma maior evaporação da lágrima, ocasionando uma "alergia" ou sendo conseqüência da mesma e desta forma favorecendo que o paciente sinta irritação, coceira e outras complicações na superfície ocular.

Diante destas informações a conclusão é que o ceratocone na maior parte dos casos não está associada a uma hereditariedade ou seja, na maior parte dos casos os pais não transimitem diretamente a patologia para os filhos ou os filhos não recebem diretamente a patologia dos pais, e nem os irmãos necessariamente irão ter todos a patologia, embora existam comprovadamente casos de ceratocone em pai ou mãe e em seus filhos.


COM QUE IDADE VOCÊ DESCOBRIU O CERATOCONE?

Esta é uma pesquisa realizada com 245 indivíduos e retrata o que já está descrito na literatura médica e científica de que o ceratocone geralmente manifesta-se por volta dos 14 aos 21 anos, embora existam casos mais precoces da patologia e outros mais tardios. Na figura 4 é possível observar na tabela a distribuição dos indivíduos com ceratocone e o seu diagnóstico. É importante observar que o início do ceratocone sempre é bem anterior ao diagnóstico. Atualmente o diagnóstico do ceratocone tem sido feito em dois tipos de situação basicamente: a primeira é a sensação de baixa de visão especialmente em um dos olhos e na segunda pacientes que desejam realizar a cirurgia de miopia a laser onde os exames excludentes (topografia, tomografia de segmento anterior e paquimetria) acusam a presença de uma córnea com características anormais. Em alguns casos a patologia é descoberta no exame oftalmológico normal ou quando a prescrição do óculos de grau do paciente começa a mudar de forma mais freqüente, um sinal que serve de alerta pois sendo ceratocone é um sinal de que o mesmo está passando por episódio de progressão.

A figura 5 mostra uma tabela com a distribuição de casos de descoberta da patologia, entretanto é importante levar em conta que o paciente com ceratocone que usa óculos e não tem o diagnóstico pode ter a patologia de forma não manifestada ou então é muito inicial o que dificulta muito o diagnóstico inicial quando a patologia está ainda se formando. O diagnóstico diferencial pode ser feito com exames de tomografia de segmento anterior onde é possível avaliar os mapas de elevação corneana anterior e posterior, portanto é possível observar com mais dados as condições da córnea. Estes exames tem uma sensibilidade e especificidade bem maior que a topografia comum que apenas permite visualizar os mapas com as elevações anteriores (externas) da córnea, além deles permitirem através do tomografia verificar a espessura corneana em toda a sua extensão.

É importante mencionar que alguns dos casos de diagnóstico tardio do ceratocone podem estar associados a pacientes que submeteram-se a cirurgia refrativa da miopia a laser (LASIK especialmente) e que desenvolveram uma ectasia iatrogênica ou seja, desenvolveram o ceratocone posteriormente a cirurgia, possivelmente devido a uma pré-disposição pré-cirúrgica ou devido ao fato deo lase ter retirado muito tecido corneano durante a cirurgia, deixando-a fragilizada e com menor resistência biomecânica. 

Fig.5: Distribuição por idade da população com ceratocone no estudo.

É interessante perceber na tabela da fugura 5 que a maior parte dos pacientes (mais de 50% dos casos) tiveram o diagnóstico entre 14 e 21 anos, entretanto há uma incidência significativa de pacientes que tiveram o diagnóstico entre 22 e 29 anos (cerca de 30% dos casos). Isso muitas vezes deve-se ao fato de o paciente estar usando óculos em boa parte de sua vida ou do ceratocone ser mais significativo em um dos olhos e praticamente inexistente ou muito inicial no outro olho. Este tipo de paciente com ceratocone unilateral ou desenvolvido apenas em um dos olhos e subclínico ou não manifestado no outro ter uma qualidade de visão bilateral boa. Ele no conjunto vê bem e as vezes demora a perceber a queda de acuidade de um dos olhos que fica durante algum tempo mascarada pelo outro olho. O paciente pode saber ou não que um dos olhos está com a visão prejudicada mas o fato é que ele consegue realizar todas as suas tarefas profissisonais, estudantis e de lazer dentro de parâmetros aceitáveis de normalidade. Deixar o olho com baixa visão sem correção óptica por muito tempo pode induzir o mesmo a ficar preguiçoso, o ideal é que o paciente utilize óculos (se possível) ou que seja adaptada lente de contato nesse olho.

Outro fator importante no entendimento do ceratocone é que na maior parte dos casos ele inicia o processo de estabilização a partir dos 25 anos do paciente, tendendo a ter episódios cada vez mais raros de progressão até estabilizar por entre os 30 a 40 anos. Embora os episódios de progressão sejam cada vez mais raros eles podem ocorrer, especialmente se o paciente coçar os olhos entre outras questões.