Seja Bem-Vindo!

PÁGINA INICIAL (Home)

Dica: Utilize a pesquisa personalizada do blog para assuntos específicos em relação ao ceratocone.

Este blog tem o compromisso de divulgar informações precisas e atualizadas sobre o ceratocone e as opções de tratamento, cirurgias e especialmente da reabilitação visual com uso de óculos ou lentes de contato.

Pesquisar este blog

terça-feira, 18 de novembro de 2008

7 coisas que você deveria saber sobre ceratocone... mas não sabe!


O Ceratocone é uma patologia da córnea que freqüentemente debilita a visão e que afeta aproximadamente uma a cada 2000 pessoas. Logo se no Brasil temos atualmente 194 milhões de habitantes há por volta de 97.000 habitantes que possuem ceratocone. Muitos desses pacientes buscam desesperadamente por tratamentos que possam ajudá-lo a retomar sua visão, uma melhor qualidade de vida e a independência que isso proporciona.

Um aspecto importante é que grande parte destes pacientes procuram oftalmologistas que possam tratá-los, mas é freqüente estes pacientes consultarem especialistas que não tem experiência em ceratocone. Isso é muito importante, não importa o quão inteligente, especializado o médico seja, se ele não se vê envolvido freqüentemente com uma atividade ele nunca irá desenvolver a aptidão e a habilidade necessárias para tratar o ceratocone efetivamente e eficientemente, nem mesmo aconselhar o paciente. Por causa disso, muitos pacientes de ceratocone serão acidentalmente levados a uma direção totalmente incorreta.

Dado ao excessivo número de médicos no Brasil e conseqüentemente de oftalmologistas, imagine que um oftalmologista verá aproximadamente três pacientes de ceratocone por ano em média. Isso não possibilita que todos sejam especializados no assunto, portanto é necessário muito cuidado.
Felizmente, o seu caso pode ser diferente. Este artigo trata de sete questões vitais que se não forem bem compreendidas podem levar a problemas significativos, inconvenientes e estresse emocional do paciente e de seus familiares. Quando você compreender e aplicar estes importantes princípios poderá estar mais a vontade com esta patologia frustrante.

1. Ceratocone não causa cegueira

Me impressiona que muitos dos pacientes que nós vemos no IOSB é que eles tem medo de ficarem cegos ou consultaram com um médico que informou que eles terão que fazer transplante de córnea e que esta é a única solução para seu problema. Outros passam por médicos que tentam a adaptação de lentes de contato, mas não tem bons resultados e o paciente não se adapta ou tem uma adaptação muito ruim com queixas freqüentes de desconforto e visão não satisfatória. Como a condição visual destes pacientes tendem a piorar seu medo de perder a visão fica cada vez maior e acreditam que a visão irá piorar a tal ponto de que nada poderá ser feito para recuperar a visão. Alguns destes pacientes já passaram por vários médicos e nenhum deles teve êxito na adaptação de lentes ou óculos e tem muito receio e medo de submeterem-se a cirurgia de transplante de córnea.

Assim alguns vão levando adiante sem tratar, ou com lentes inadequadas ou mal adaptadas, ou usando somente uma lente principalmente se tem o outro olho menos afetado, o que induz a visão preguiçosa e pode provocar eventualmente estrabismo. Estes pacientes praticamente abandonam as tentativas e se esforçam em conviver com a visão razoável de apenas um dos olhos.

A realidade é que ninguém fica cego pelo ceratocone. Existe uma seqüência de alternativas antes que um transplante de córnea seja indicado ao paciente, pela ordem:

a. Óculos
b. Lentes Hidrofílicas (Gelatinosas, Descartáveis, etc)
c. Lentes RGPs ou Rígidas Gás Permeáveis (a melhor opção quando feita com lentes boas e bem adaptadas)
d. Piggyback (lentes rígidas sobre gelatinosas ou descartáveis, geralmente uma técnica utilizada quando não se tem lentes RGPs de alta tecnologia ou experiência para fazê-las personalizadas)
e. Lentes Esclerais ou Semiesclerais RGPs (a Ultralentes fabrica estas lentes desde 2009)
f. Implante de anéis intracorneanos (Ajuda em alguns casos, mas é apenas indicado em casos de estágios não avançados, e não garantem os resultados, pode ser necessário adaptação de lentes RGPs posteriormente e fica mais difícil a adaptação)
g. CXL ou Crosslinking : Uma técnica nova, experimental e promissora, entretanto ainda está em estudos, embora algumas clínicas já ofereçam o procedimento como uma técnica consagrada. Nos EUA ainda não foi autorizada pelo FDA, exceto em alguns centros de oftalmologia e sob rígido protocolo padrão para todos (Protocolo de Dresden).
h. Técnicas combinadas ou seqüenciais: Já existem estudiosos realizando implante de anéis combinado com a aplicação de crosslinking e posterior cirurgia refrativa por fotoablação a laser, variações originadas do Protocolo de Atenas.  O olho é uma estrutura frágil e nobre do corpo humano, submeter uma córnea ainda mais frágil como a do ceratocone e expor a mesma a esta série de procedimentos é muito arriscado.
i. Prescrição de óculos ou adaptação de lentes posterior a implante de anéis intraestromais e crosslinking.
j. Transplante de Córnea (Menos de 2% dos casos no IOSB).
k. Prescrição de óculos ou adaptação de lentes posterior transplante de córnea.

Se o transplante de córnea (Tx) é finalmente indicado, o índice de sucesso é maior que 95%, quando feito por um experiente cirurgião com grande curva de experiência (aprimoramento), entretanto é importante mencionar que óculos ou lentes de contato são normalmente requeridos após a cirurgia, após o prazo de recuperação conforme a técnica utilizada e com resultados geralmente muito bons. É importante que o paciente saiba e entenda que possivelmente será necessária correção visual após o transplante e que a prescrição de óculos ou adaptação de lentes boas e bem adaptadas pode ser fundamental para a melhor visão.

2. Ceratocone não progride para sempre

Tipicamente quando vemos um paciente com ceratocone pela primeira vez, eles foram indicados por um oftalmologista ou encontraram o IOSB pela internet ou foram indicados por outros pacientes do instituto. Eles as vezes são jovens adolescentes e vem acompanhados pelos pais. O ceratocone geralmente inicia lentamente ou agressivamente na puberdade, a porção central da córnea fica mais fina e eventualmente desestabiliza e assume um formato irregular, deteriorando a visão. O paciente tem a impressão inicialmente de que a condição, na medida que avança, irá progredir indefinidamente e para sempre. Quando vemos este tipo de caso de jovens com seus pais, temos uma longa e cuidadosa discussão, com a finalidade de trazer tranqüilidade e amenizar a ansiedade do paciente e familiares.

A boa notícia é que aproximadamente 95% dos pacientes com ceratocone irão iniciar a estabilização do caso a partir dos 25 aproximadamente, alguns mais tarde entre 30 a 40 anos. A partir dos 25 anos os episódios de progressão tornam-se geralmente mais esparsos e menos significativos, especialmente se o paciente estiver bem orientado (não coçar os olhos, usar lubrificantes em forma de lágrimas artificiais, etc) e estiver adaptado com lentes de boa qualidade e corretamente adaptadas. No IOSB menos de 2% dos casos irão precisar do transplante, muitos podem ao menos postergar a cirurgia devido a disponibilidade de lentes feitas personalizadas para casos severos extremos, com as lentes especiais Ultracone Advance e Extreme, as lentes Esclerais SB de diâmetros de 18.5 mm a 21.5 mm e Semiesclerais Asféricas SSB de 16.0 a 18.0 mm.


Entretanto estas estatísticas podem ser piores quando ocorrem os seguintes casos:

2.1) Lentes mal adaptadas são utilizadas, levando a intolerância e a opacificação da córnea.


2.2) O paciente coça regularmente e agressivamente os olhos, e não é orientado a tratar alergia de forma sistêmica e/ou tópica.


Muitos artigos comentam que o ceratocone evolui até os 40 anos do indivíduo, entretanto pacientes bem adaptados com lentes RGPs especiais e bem orientados a não coçar os olhos geralmente tem uma progressão menor do que outros casos. Tratar corretamente as alergias freqüentemente associadas ao ceratocone é muito importante para prevenir o coçar dos olhos. O coçar traumatiza os olhos e provoca remoção das células do epitélio e maior desgaste das fibras de colágeno enfraquecendo a córnea, afinando-a ainda mais e facilitando para que aumente a irregularidade do cone. O ceratocone geralmente começa o seu processo de estabilização em torno dos 25 anos do paciente.

 
 Algumas alternativas para evitar coçar os olhos são:

a) Tratar olho ressecado com lubrificantes artificiais modernos sem conservantes que não possuem a toxicidade cumulativa do demais colírios com conservantes. Acrescentar linhaça (preferencialmente a dourada) na dieta (pode ser cápsulas de óleo de linhaça).
b) Lavar os olhos (pálpebras) com shampoo J&J neutro Ph balanceado com alguma freqüência, utilizando soro fisiológico, e posteriormente enxaguar abundantemente os olhos de maneira que isso remova impurezas acumuladas na lágrima. Lembre que o soro fisiológico depois de aberto dura 24 hs fora da geladeira e 7 dias se armzando na geladeira, não toque no bico do frasco para evitar a contaminação.
c) Alergia ocular pode ser tratada com medicamento tópico, como o Patanol S pingando apenas uma vez ao dia, é importante conversar com seu médico sobre esta questão. O Zaditen e Lastacaft entre outros também são indicados por alguns profissionais.
d) Compressas frias ou geladas amenizam muito a vontade de coçar ou a “coceira” e é uma ótima maneira de aliviar os sintomas rapidamente.
e) Substituir o sistema de limpeza e conservação de lentes de contato caso o produto utilizado cause sintomas alérgicos.
f) Tratar as alergias associadas (asma, alergia dermatológicas, etc.) de forma sistêmica. No IOSB o paciente é orientado a procurar um otorrinolaringologista em caso de rinite alérgica ou alergologista caso existam outras alergias associadas, é fundamental uma orientação nesse sentido. Alguns medicamentos podem interferir na lágrima do paciente, em alguns casos o medicamento para tratamento da acne Roacutan está associado a síndrome do olho seco, ou secura ocular, o que prejudica a saúde ocular dos pacientes, principalmente usuários de lentes de contato.
g) Em alguns casos, o coçar dos olhos está associado ao uso de lentes inadequadas e mal acabadas ou mal adaptadas. A solução nestes casos é suspender o uso destas lentes e fazer uma readaptação com lentes boas e bem adaptadas.


3. O que o paciente pode fazer para amenizar e diminuir o ritmo da progressão do ceratocone?

Em aproximadamente 45 anos de acompanhamento de pacientes com ceratocone, desde o início da especialização do Dr. Saul Bastos nesta área, observamos muitos casos que levaram-nos a acreditar que existem fatores que influenciam de forma maior ou menor na evolução ou não do ceratocone ao longo da vida do paciente. É importante mencionar que este estudo não está respaldado por nenhum estudo prévio, não há evidência ou comprovação científica registrada sobre o assunto. Entretanto, nossa amostragem de mais de dez mil pacientes ao longo destes quarenta e tantos anos permitiu que pudéssemos observar pontos em comum na amostragem obtida.

O uso de Lentes Rígidas (RGPs)


Nestes 45 anos de acompanhamento de pacientes adaptados com lentes duras (desde o tempo das lentes acrílicas até a atualidade tivemos uma significativa amostragem de pacientes os quais foi possível aprender pela experiência. Meu amigo Dr. Renato Ambrósio Jr. o qual tenho enorme apreço pela qualidade científica de seus trabalhos, pela sua competência e pela pessoa generosa que é, me perguntou em duas oportunidades se eu acreditava que o uso de lentes evitava a progressão do ceratocone. Como costumo dizer sobre este assunto, a pergunta é simples e direta, a resposta é de maior complexidade, mas resumidamente a resposta é não. Entretanto pela observação e acompanhamento de aproximadamente 15000 pacientes com ceratocone ao longo de 45 anos podemos observar que em casos onde o paciente usa lente em um dos olhos, bem adaptada e se não usa lenmte no olho contra-lateral a tendência é que a evolução seja maior (quando ocorre e geralmente ocorre) no olho sem lente. E o ceratocone quando tem que progredir ele o fará com ou sem lente ou seja, de fato é que a lente sozinha não tem a função e nem é indicada para esse fim de impedir a progressão mas sim de reabilitar a visão funcional do paciente e permitir que o mesmo tenha uma vida normal, com conforto e especialmente garantindo a saúde fisiológica da córnea. 

Embora seja necessário um estudo com controle para confirmar estas informações e também verificar o porquê de o ceratocone tender a progredir mais sem o uso de lentes temos algumas suspeitas. Uma delas é que o olho com visão não corrigida ou sem uso de lentes é forçado o paciente pode ter uma tendência de coçar mais este olho do que o outro que está usando lentes, essa é uma das possibilidades. A outra, embora mais remota, remete a uma possível força aplicada pela pálpebra superior ao piscar que com a lente e o filme lacrimal formado entre o ápice do ceratocone e a lente possa servir como uma espécie de força contrária sem que exista toque central, de fato o filme lacrimal precisa estar muito bem distribuido [ver padrão de fluorosceína de excelência (devo escrever sobre isso em breve)] de maneira que esta força mecânica seja leve o suficiente para não causar lesão corneana e centralizada o suficiente para que a força seja distribuida de maneira harmônica e o quanto mais uniforme possível sobre a córnea. Importante mencionar que não tenho conhecimento de nenhum estudo publicado sobre estas duas possibilidades, e a resposta para a pergunta se a lente impede a progressão é não, se retarda isso é discutível mas passa impreterivelmente pela necessidade de uma adaptação bem feita e por uma lente RGP (rígida) de alta qualidade e alta tecnologia que possibilitem um excelente desempenho no seu uso.

O estresse

É impressionante como é fácil observar que um paciente teve uma piora no seu quadro, desde pacientes que vinham com ceratocone estabilizado há muitos anos até os pacientes com ceratocone incipiente, que quando depararam-se com uma situação de muito estresse em suas vidas, houve uma progressão significativa do caso, em praticamente todos os casos requerendo uma readaptação de lentes. Uma perda de um ente familiar, separação do cônjuge, doença de um familiar, problemas profissionais, de dinheiro, depressão, etc. são fatores que podem desencadear um processo de piora no quadro, fazendo com que o ceratocone tenha episódio de progressão com tempo determinado e estabiliza novamente.
Alguns pacientes do IOSB, extremamente dependentes do Dr. Saul tiveram este problema com o seu falecimento. Foram necessários poucos meses até eles sentissem a segurança necessária novamente ao saber que eu continuaria o trabalho de meu pai com a nossa equipe de oftalmologistas no IOSB.

Nestes casos, a procura de ajuda de profissionais na área psicológica e psiquiátrica pode ser importante se necessário. Outra forma de combater o estresse é a prática de esportes, caminhadas, yoga, acupuntura, Massoterapia, etc. Existem diversas opções e cada paciente deve procurar aquelas que eles acreditam poderão ajudá-las a superar suas dificuldades e ajudá-las a enfrentar a vida. “Mens Sana In Corpore Sano”

A suspeita é que a uma baixa na imunidade do paciente possa desencadear uma reação oxidativa maior na córnea, e o paciente com a imunidade mais baixa que a normal não produz os anti-oxidantes necessários para combater essa agressão a córnea. Naturalmente muitos estudos estão sendo realizados em diversos países tentando buscar uma resposta que possivelmente não é única. Existem fatores que atuam em conjunto para que o ceratocone se desenvolva.


A alimentação correta e o combate ao sedentarismo

Esta descoberta retrata a influência do tipo de dieta seguida pelos pacientes no seu quadro do ceratocone. Inicialmente observamos que alguns pacientes tiveram episódio de melhora significativa da visão e de uma menor irregularidade corneana. Ficamos atentos ao observar os primeiros casos e procuramos agora dar seguimento a estas observações em outros pacientes.


Inicialmente até mesmo telefonei pessoalmente a alguns dos mestres que foram nossos professores e orientadores (do meu pai e eu) que ainda estão vivos como o Dr. Perry Rosenthal, MD (Harvard Medical School) e Dr. Joseh Barr, OD. Eu comentei com eles que tinha observado uma possível “regressão” do ceratocone de alguns pacientes, embora soubesse que isso não existia. Confirmada minha suspeita, o que pode ter ocorrido é uma alteração do formato do ceratocone, justificando assim a necessidade de troca de lentes RGPs especiais Ultracone para mais planas (cerva de 1.5 a 2.5 dioptrias) para estes pacientes.

Iniciada a investigação, observamos que um dos pacientes teve a alteração por ser estudante de nutrição na época e ter adotado a prática de uma alimentação saudável, de 6 refeições por dia bem equilibradas. Outros dois pacientes tiveram recomendações médicas de seus cardiologistas de que seus exames estavam ruins e tiveram que adotar uma dieta prescrita para eles semelhante a primeira ou seja, equilibrada e de acordo com as necessidades observadas pelos médicos. Outros pacientes adotaram uma dieta mais natural, um deles inclusive eliminando totalmente a carne vermelha da dieta, acrescentando somente carne de aves (sem pele) e peixes (ômega 3). O ideal é ter uma orientação especializada para um balanço e equilíbrio da alimentação. Consulte se possível um nutricionista.


Para alguns pacientes nós recomendamos a leitura do livro A Dieta de South Beach, criada pelo cardiologista americano da Florida Dr. Arthur Agatston, MD. (South Beach, FL) para melhorar a qualidade dos exames sangüíneos de seus pacientes e tratá-los por antecipação para prevenção de doenças cardiológicas. A dieta que inicialmente não tinha o objetivo de emagrecimento mais tarde mostrou que era a primeira mudança visível em seus pacientes, a diminuição da gordura corporal. Esta dieta pode ajudar os pacientes a terem uma melhor qualidade de vida, nós não afirmamos que a simples adoção da dieta irá influenciar de fato no ceratocone, mas com certeza não irá prejudicar, pelo contrário, poderá ajudar em muitos outros fatores da saúde do paciente como na questão de prevenção de doenças cardiológicas, diabetes, entre outras. O fato é que se isso ajudar numa melhora do quadro do ceratocone e conseqüentemente da visão do paciente melhor, do contrário não irá tampouco prejudicar.

Mas é importante mencionar que existe relação entre a alimentação, o estresse e a forma como o paciente administra as questões do corpo e da mente. A expressão em latim “Mens Sana Corporeo Sano” (mente sã, corpo são) me parece muito adequada a esta questão e deveria ser objeto de estudo posterior. Em nossa experiência de mais de 10000 pacientes com ceratocone em 45 anos pudemos observar diversas associações de comportamentos, doenças relacionadas que interferiram no caso de alguns pacientes. É importante estar atento ao histórico médico geral do paciente e se necessário aprofundar-se mais no assunto de maneira a tratar a questão de uma forma mais geral e sistêmica quando necessário.


4. Higiene, limpeza e conservação de lentes RGPs especiais para ceratocone:

O cuidado com a higiene para quem usa lentes de contato é fundamental para a segurança da saúde ocular do paciente. Alguns pacientes podem ter alergia a determinado produto de limpeza e conservação de suas lentes RGPs sendo necessária a alteração do produto por outro diferente e recomendado pelo oftalmologista até que encontre a alternativa que seja mais adequada e segura para o paciente. Muitos destes produtos contém conservantes que por sua vez tem um certo grau de toxicidade. Estes conservantes estão ali para matar os microorganismos que podem contaminar as lentes e levar a uma infecção ocular. Entretanto as vezes estes conservantes podem também agir de forma agressiva as células do epitélio da córnea, ocasionando uma alergia ao produto. Se isso ocorrer, suspenda imediatamente o uso deste produto e peça orientação ao seu oftalmologista.


Um guia para manuseio, limpeza e conservação de suas lentes RGPs:
  • Para retirar as lentes após o uso:

    1. Lave bem as mãos e seque-as antes de manipular suas RGPs.
    2. Retire primeiro a lente do olho direito.
    3. Coloque a lente sobre a palma de uma das mãos com a face convexa virada para baixo, de forma que a lente se acomode na concavidade da mão.
    4. Com o dedo indicador ou o mínimo, retire cuidadosamente o excesso de lágrima que restou na lente após a retirada. Usando mínima pressão, faça movimentos circulares de forma que você retire a lágrima que ficou na lente.
    5. Lave sua lente com shampoo J&J ou um detergente líquido gel neutro (poucas gotas são suficientes) e enxague com água filtrada ou solução salina.
    6. Remova a água da lente sacudindo-a no ar ou soprando a mesma.
    7. Utilize o produto de limpeza indicado pelo seu oftalmologista fazendo com que toda a superfície da lente esteja coberta.
    8. Repita a operação com a lente do olho esquerdo.
  • Para inserir as suas lentes RGPs:

    1. Lave bem as mãos e seque-as, retire a primeira lente do estojinho e examine toda a extensão da lente e borda para verificar se não há nenhum corpo estranho ou dano na lente.
    2. Remova o produto das lentes esfregando a lente com o dedo indicador ou mínimo na superfície interna (côncava) da lente e com a superfície externa (convexa) na palma da outra mão.
    3. Se quiser utilize soro fisiológico para enxaguar as lentes antes de inserí-las, mas lembre que o soro depois de aberto dura 24 horas fora da geladeira e 7 dias se armazenado dentro da geladeira. Evite encostar no bico do soro fisiológico.
    4. Coloque o produto de sua preferência na lente, recomendado por seu médico, e insira a primeira lente.
    5. Repita a operação com a outra lente.
5. Produtos recomendados para lentes RGPs para ceratocone:
Dentre os produtos disponíveis no mercado brasileiro para a limpeza de lentes de contato RGPs, destacam-se aqueles mais conhecidos e que tem fabricantes com sistemas homologados pela Agência Nacional de Saúde (ANVISA), os mais conhecidos são:


- Boston Simplus: maior viscosidade, solução multição, indicado para lavar, enxaguar e inserir as lentes RGPs


- Unique Ph: Solução multiuso, solução aquosa, bom para lavar, enxaguar e inserir as lentes.


- Opti Free Replenish: Ideal para lavar as lentes, acondicionar e inserir as lentes RGPs (embora seja indicado para lentes de silicone hidrogel, este produto pode ser utilizado para lentes RGPs.




6. O especialista tem que saber polir as lentes RGPs para pequenos ajustes:

A adaptação de lentes de contato rígidas requer uma avaliação ao vivo do paciente para saber se são necessárias pequenas modificações na lente de forma a proporcionar melhor conforto e melhor relação lente/córnea, assegurando o equilíbrio fisiológico corneano e sua proteção contra qualquer possibilidade de lesão. São poucos os profissionais que examinam um padrão de lágrima no biomicroscópio e com isso compreender se modificações se fazem necessárias. Também é necessário polimento quando as lentes apresentam algum risco ou depósito muco-proteico que não sai na limpeza diária comum, com o polimento as lentes podem ser revigoradas e durar mais um bom tempo confortáveis, seguras e assegurar uma boa visão.


Se o médico observar que é necessário modificação da lente, ele poderá fazer ele mesmo se possuir o conhecimento e o treinamento para isso, ou então deverá contar com um laboratório experiente que faça as modificações para ele. Geralmente essa segunda opção é um tanto falha, uma vez que a informação entre o médico o e o técnico no laboratório podem não funcionar devido a falha de comunicação, falta de conhecimento de ambos um na área do outro e principalmente por não ser um serviço personalizado.


Esta é a razão que desenvolvi o conceito da Consultoria Digital Especializada, onde os oftalmologistas credenciados na Ultralentes produzem fotos digitais e filmes do padrão de fluorosceína, enviam ao nosso laboratório para que sejam feitas as alterações necessárias de maneira que possamos fazer lentes absolutamente personalizadas aos pacientes. Isso é especialmente importante nos pacientes com ceratocone, pois frequentemente esses pacientes precisam que suas lentes sejam ajustadas, principalmente quando são lentes que não tem uma boa qualidade.


As lentes Ultracone dificilmente necessitam de ajustes tal é o alto grau de qualidade e tecnologia envolvidas, e então se casos difíceis se apresenta, o oftalmologista credenciado faz uso da consultoria digital, fotografando e/ou filmando os testes para repassar ao laboratório Ultralentes.


Quando uma lente fica muito riscada ou com fortes depósitos de proteína da lágrima, é necessária sua substituição. Não é recomendado insistir com lentes muito velhas pois os riscos de problemas aumentam, além da qualidade e acuidade visual que diminuem substancialmente e progressivamente. Lentes bem cuidadas podem durar até 3 ou mais anos, mas é de fundamental importância que o paciente visite o oftalmologista ou vá na clínica para avaliação de lentes a cada 12 meses no mínimo, isso se estiver tudo bem.


O polimento das lentes é uma atividade especializada, se não for feita por um técnico altamente qualificado as chances são de que as lentes fiquem ainda piores do que estavam, por essa razão é necessário ter certeza de que suas lentes são feitas por quem sabe realizar estas modificações com maestria.


7. Tenha lentes especiais de reserva atualizadas:

Pacientes com ceratocone e que não estão passando por episódios de progressão devem ter lentes reservas para o caso de perda ou quebra acidental de uma das lentes. Os laboratórios podem levar dias, até mesmo semanas para que uma nova lente possa chegar ao oftalmologista e posteriormente ao paciente, e ficar sem lente durante esse período é desgastante para o portador de ceratocone que fica com a visão debilitada, além de perder um pouco a adaptação nesse olho conforme a demora.

É importante que o paciente se desfaça de suas lentes antigas, jogando-as fora ou devolvendo ao médico para que sejam eliminadas, isso serve para a proteção do paciente, pois o uso de lentes antigas podem causar erosão de córnea, ceratites e até mesmo úlceras de córnea com o uso insistente.

Luciano Bastos*
Fonte: Originalmente publicado em http://www.iosb.com.br/ - www.ultralentes.com.br/forum
Atualizado em 27/09/2012

*Luciano Bastos é diretor do Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos, técnico especializado em lentes de contato pela Contact Lens Association of Ophthalmologists (CLAO), membro internacional da British Contact Lens Association (BCLA - UK), membro da Contact Lens Society of America (CLSA University - USA), membro internacional do Gas Permeable Lens Institute (GPLI - USA), membro internacional da Contact Lens manufacturer Association (CLMA - USA), membro da Scleral Lens Education Society (SCL - USA), diretor da Ultralentes I.O.L., consultor especializado em pesquisa clínica e científica de desenhos especiais de lentes RGPs para córneas irregulares e colabora com artigos sobre lentes de contato para as revistas especializadas Contact Lens Spectrum Magazine (USA), The Contact Report (USA) e Global Contact (Europe).