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terça-feira, 19 de agosto de 2008

PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DO CERATOCONE

Os meios de comunicação tem noticiado com alguma freqüência sobre tratamentos gratuitos para o ceratocone em alguns hospitais. Naturalmente a notícia é um alento para aqueles que estão procurando alternativas de tratamento com menor custo ou gratuito. Os pacientes se inscrevem e são selecionados de acordo com critérios estabelecidos pela equipe de oftalmologistas, e se estiverem dentro do critério entram na fila para serem examinados, no que é chamado de pré-seleção. Depois de verificada a indicação para determinado tratamento, o paciente aguardá até ser chamado e inicia-se o tratamento.

Uma coisa que precisamos estar atentos quando falamos em tratamentos alternativos é que não são tratamentos simples, são estudos científicos e clínicos geralmente experimentais nos quais o paciente tem que assinar um termo de consentimento informado no qual ele atesta que está se submetendo a um tratamento experimental e que reconhece os possíveis resultados e efeitos colaterais conhecidos que podem ocorrer. O tratamento do Crosslinking (CXL), mais conhecido como Crosslink apenas, é um destes tratamentos. Maiores informações sobre este tratamento você pode encontrar aqui no Blog em publicação de outro dia e mês.

É importante que os pacientes que submetem-se ou que pretendem apresentar-se a estes serviços, saibam que é um tratamento experimental. Embora seja promissor, ainda está em estudos em vários países. Nos EUA por exemplo, o Crosslink é um tratamento absolutamente experimental, não é pago e somente clínicas e serviços de oftalmologia específicos
estão habilitados a aplicar o tratamento, sob rígida vigilância e protocolo de segurança do FDA (Food & Drug Administration). Também é importante mencionar que os primeiros casos tratados no mundo foram realizados há aproximadamente 8 anos, o mais antigo tem 10 anos de acompanhamento, mas estes são poucos casos apresentando uma amostragem muito pequena, logo os especialistas e autoridades não podem considerar estes casos, mas sim aguardar os mais recentes, em bem maior número, e por alguns anos até que possa-se conhecer como irá evloluir o quadro e assim apresentar trabalhos bem fundamentados, com números ricos e que componham uma amostragem significativa. Somente desta maneira é que um estudo sério pode ser feito e os orgãos oficiais de saúde autorizarem e os conselhos de medicina reconhecerem um tratamento como válido e seguro.

Temo que a busca desenfreada de alternativas a lentes de contato que o paciente não se adapta e aos tratamentos cirúrgicos como implante de anéis intracorneanos e o transplante de córnea possa levar alguns pacientes a procurarem especialistas que ofereçam este tratamento em clínica privada, onde seguramente o tratamento não deve ser gratuito. É importante saber se a clínica faz parte de algum estudo experimental que esteja aplicando a técnica com a finalidade de pesquisa e experiência, pois assim sendo, o paciente pode optar entre submeter-se ou não ao tratamento, ele será devidamente informado dos possíveis resultados e prognósticos.

Em alguns países, o tratamento conjunto de implante de anel intraestromal e a aplicação posterior do crosslinking já vem sendo feita a poucos anos, e embora os websites destas clínicas e estudos mostrem somente bons resultados, existe também resultados adversos, e é importante que isso seja esclarecido. Na internet é possível encontrar relatos de pequenas complicações. Uma outra questão que deve ser vista com grande cautela, é o tratamento múltiplo, de implante de anel, crosslink e posterior cirurgia refrativa por ser muito agressivo para a córnea. O implante de segmentos de anéis, embora minimamente invasivo, produz os dutos na córnea para receber as pequenas próteses em forma de meia-lua. O crosslink raspa o epitélio da córnea ou aplica álcool diluido para remover a camada mais fina do epitélio da córnea, preparando a córnea para receber a Riboflavina que se ligará ao colágeno de córnea com a exposição da córnea a raio ultravioleta A, de forma absolutamente controlada, com tempo de aplicação, distância precisa e intensidade do raio controladas. Variações nestas variáveis podem levar a resultados diferentes ou a intercorrências imprevistas, como haze corneano. Imagine então esta córnea agora será submetida a fotoablação por excimer laser, já existem relatos dessa terceira técnica sendo utilizada em alguns casos, possivelmente o PRK (Photo Refractive keratotomy) que é aplicada diretamente na córnea, pois o tratamento de cirurgia refrativa mais popular existente é o Lasik (Laser Assisted In Situ Keratomileusis) e já se sabe que esta técnica provoca o enfraquecimento da resistência biomecânica da córnea, pelo fato de que quando o microcerátomo (pequeno intrumento de alta precisão que produz um flap na córnea) é aplicado, ocorrem cortes de fibras importantes na córnea, que provocam o enfraquecimento corneano. Naturalmente existem técnicas mais sofisticadas como o EpiLasik, entre outras, que produzem flaps mais rentes ao epitélio corneano, evitando parte da perda desta resistência biomecânica.

As cirurgias refrativas são contraindicadas no ceratocone, em alguns casos de pacientes com indicação cirúrgica para a cirurgia refrativa ocorrem seqüelas como ectasia induzida pós-cirúrgica, também conhecida como ceratoectasia (keratectasia) pós-cirurgia refrativa. Deve haver extrema cautela dos profissionais e pacientes para o advento destes tratamentos múltiplos e sequenciais. As autoridades e orgãos profissionais como o CFM e o CBO devem atuar juntos com a finalidade de criar protocolos de segurança para a aplicação destes novos métodos de tratamento. O exemplo dos EUA é um caminho saudável a seguir.

Obs. Informações sobre os assuntos tratados no texto acima estão disponíveis na internet, cabe apenas procurar por eles para confirmar que são procedentes e que poderão ser ratificadas por especialistas.