Dúvidas e questionamentos que familiares e pacientes de ceratocone tem quando ocorre o diagnóstico ou quando constatada piora na visão.
A indicação, qual seguir?

Pacientes assintomáticos com
diagnóstico de ceratocone em uma consulta de rotina ou em uma consulta para
estudar a possibilidade de cirurgia refrativa devem ser orientados inicialmente
a fazer o controle ou seja, fazer consultas de rotina com o oftalmologista,
exames e teste de acuidade visual para verificar se está ou não ocorrendo
episódios de progressão.
Alguns sinais são característicos
de episódios de progressão mais rápida como a necessidade de trocar de óculos
(graduação) ou rever a curvatura (e graduação) das lentes de contato. Nestes
casos o oftalmologista ao constatar que estão ocorrendo episódios significativos
de progressão do ceratocone ele irá avaliar se a progressão foi significativa e
se está ocorrendo em um curto espaço de tempo. Caso essa seja a constatação,
nos casos onde a córnea oferece no mínimo cerca de 415 micras de espessura na
porção mais fina há a possibilidade da indicação do tratamento de crosslinking (CXL).
Este tratamento consiste em um método para aumentar as ligações de colágeno
corneano e fortalecer a resistência biomecânica da córnea.
O equívoco consiste na indicação
as vezes prematura do tratamento, muitas vezes sem o devido acompanhamento e
controle do ceratocone. Apenas o diagnóstico e a constatação de leve progressão
em um período de 12-24 meses não representam uma indicação do tratamento por
crosslinking, segundo o protocolo do tratamento. Há nestes casos divergências
quanto a qual tratamento seguir ou não seguir nenhum. Alguns profissionais
podem ter a preferência pelo implante de anel intra-estromal que visa regularizar
a superfície ocular e com isso melhorar a qualidade visual, outros podem optar por
tratamentos combinados que variam conforme a interpretação e treinamento do
cirurgião. Estes tratamentos combinados passam desde o implante de anel e
crosslinking como pela cirurgia refrativa (photorefractive keratotomy - PRK),
implante de anel e crosslinking (CXL) ou PRK e CXL apenas.
O transplante de córnea somente deve ser considerado quando todas as alternativas de reabilitação visual falharem, especialmente se houver a presença de cicatrizes ou opacidades importantes que impeçam o paciente de ter uma acuidade visual satisfatória com lentes especiais. Nem mesmo o transplante de córnea pode garantir o sucesso do procedimento, embora atualmente com as novas técnicas de transplante os resultados sejam muitas vezes muito bons. Mesmo a técnica manual da ceratoplastia penetrante tem apresentado resultados cada vez melhores especialmente com a curva de experiência maior dos cirurgiões, a técnica pelo femtosecond laser que resulta em cortes e encaixes de alta precisão do botão doado com a córnea, a técnica do tranplante lamelar que com boa indicação tem apresentado excelentes resultados. Mais uma vez cada caso deve ser analisado com bastante critério e cautela, tanto por parte do especialista como do paciente e seus familiares.
Um ponto a considerar em casos
onde há uma diminuição significativa da visão é que nenhum destes tratamentos
irá garantir que com o resultado o paciente poderá reabilitar a visão ou
permitirá que o mesmo utilize óculos com uma acuidade visual satisfatória. Cada
caso deve ser analisado individualmente e com muita cautela, os oftalmologistas
especialistas em córnea atualmente dividem-se em sub-especialidades ainda
menores de cirurgias e adaptação de lentes de contato especiais e prescrição de
óculos de grau. É natural que existam divergências quanto a qual a orientação a
seguir, mas os grandes especialistas em reabilitação visual com a adaptação de
lentes especiais sabem que em grande parte dos casos de ceratocone o método que
melhor irá oferecer ao paciente uma melhor acuidade visual e melhor qualidade
de vida é a adaptação de lentes de contato especiais RGPs ou esclerais.
E quanto a adaptação de lentes? Qual a melhor lente?
Esta é uma questão que muitos
pacientes questionam, houve durante muito tempo a crença de que a adaptação de
lentes rígidas ou gás permeáveis (RGPs) era um processo doloroso e difícil para
o paciente se adaptar. O que ocorre é que nem todos os especialistas dispõem da
experiência e de recursos em tecnologia de lentes especiais para proporcionar
bons resultados. É comum até hoje os pacientes tentarem a adaptação de lentes
especiais com um, dois e até mais de cinco especialistas até encontrar um que
possua o conhecimento e os recursos tecnológicos que possam ter sucesso. A
figura 2 mostra uma lente Ultracone bem adaptada, sem toque e com a lágrima
destacada em verde sob a lente.
Fig.2 Padrão de excelência de uma Ultracone |
De poucos anos para cá com o ressurgimento das lentes esclerais e
devido ao conforto inicial por elas oferecido, está ocorrendo uma nova
tendência de alguns profissionais a deixarem as lentes rígidas de lado e
passarem a oferecer esta modalidade aos pacientes. Nós discordamos dessa
opinião, e como pioneiros no desenho, fabricação e adaptação de lentes
esclerais no Brasil, utilizamos um protocolo de adaptação que consiste em
sempre no ceratocone iniciar com as lentes especiais Ultracone (utilizando ela
e suas variações) e conforme for o caso sim passar para lentes esclerais. As lentes
esclerais tem diâmetro maior do que as lentes gelatinosas e não tocam (ou não
devem tocar) a córnea e o limbo, repousando suavemente sobre a esclera (porção
branca dos olhos). A adaptação de lentes corneanas deve ser sempre a primeira
opção na reabilitação visual de pacientes com ceratocone pois quando de alta
qualidade e tecnologia elas garantem uma ótima acuidade visual (a melhor
possível de se obter), conforto na adaptação e especialmente garantem o
equilíbrio fisiológico corneano.
Em determinados casos há uma
excelente indicação de adaptação de lentes esclerais, como em casos de
ceratocone com implante de anel que dificulte a adaptação de lentes corneanas
(RGPs), casos de ceratoglobo, degeneração marginal pelúcida, pós-transplante de
córnea (com astigmatismo irregular elevado), pós-cirurgia refrativa por ceratotomia
radial refrativa (RK), pós-trauma e especialmente quando para o tratamento
terapêutico de patologias que afetam a superfície ocular como olho seco,
síndrome de Sjrögen, Stevens-Johnson entre outras.
É comum alguns pacientes com
ceratocone apresentarem alterações quantitativas e qualitativas do filme
lacrimal, isso dificulta a adaptação de lentes corneanas (RGPs) e nestes casos
a adaptação de lentes esclerais pode apresentar excelentes resultados. A lente
escleral é preenchida com uma solução salina sem conservantes e forma assim uma
reserva de fluido que fica entre a lente e o olho, criando um ecossistema
saudável para a córnea. Esta reserva de fluido deve ser lentamente renovada e
para isso a lente deve permitir a renovação do fluido pela lágrima do paciente
e por colírio lubrificante sem conservantes. Na figura abaixo uma imagem em
macro de uma lente escleral Scleral Bastos SB (Ultralentes) de 18.5 mm.
Fig.3: Lente Scleral Bastos - cortesia IOSB |
A adaptação de lente escleral deve ser perfeita para evitar
complicações tardias, não pode haver toque na córnea e no limbo, não pode ficar
exageradamente afastada da córnea pois causa o embaçamento da visão, não pode
haver movimento da lente ao piscar, não deve ficar totalmente selada junto a
esclera e nem formar áreas esbranquiçadas onde ela se apoia, indicando uma
pressão exagerada junto a esclera e que causa a hiperemia conjuntival
localizada (olhos vermelhos). O paciente quando retira as lentes esclerais
deverá observar se há uma marca deixada nos olhos pela presença da lentes, se
houver ele deve comunicar o oftalmologista para que esta situação seja corrigida
imediatamente.
Um fator importante a ser
observado tanto pelo especialista como pelo paciente é a presença de bolha de
ar dentro da reserva de fluido após a colocação das lentes. É comum o paciente
no início colocar a lente de maneira equivocada e deixar o que é chamado de
bolhas de inserção, geralmente resultado da colocação imperfeita das lentes.
Contudo pode haver a formação de bolha posteriormente de forma espontânea caso
a lente não esteja corretamente adaptada. Com a crescente popularização da
adaptação de lentes esclerais é natural que já estejam ocorrendo casos de
pequenas complicações devido ao uso incorreto ou resultado da utilização de
lentes que não estão bem adaptadas ou estão com o desenho impróprio.
Outro achado que o paciente neste
caso deve ficar atento é quando ele referir a presença de arco-íris na visão
após algumas horas de uso, o que pode ser a indicação de edema de córnea por
hipoxia corneana (falta de oxigenação suficiente para a córnea). Neste caso a
utilização da lente deve ser interrompida e o especialista deverá rever o caso
para corrigir o problema.
Esta é uma questão que frequentemente se ouve por parte de pacientes e alguns especialistas desconhecem, até mesmo porque não há uma vasta literatura médica sobre o ceratocone especificamente. Poucas semanas atrás eu estava relendo um livro de oftalmologia de meu pai, de 1970. Naquela época já diziam o que temos constatado todos estes anos no Institutode Olhos Dr. Saul Bastos (IOSB) que o ceratocone apresenta episódios de progressão, especialmente dos 17 aos 23 anos aproximadamente, e estes episódios não costumam ser agressivos na maior parte dos casos. Quando o caso apresenta episódios frequentes e significativos a perda de acuidade e qualidade visual é notadamente observada pelo paciente e pelo especialista no exame oftalmológico (clínico e topográfico). Estes são talvez os casos em que atualmente o crosslinking (CXL) deva ser considerado, mas mais uma vez segundo o protocolo de segurança criado por Theo Seiler e Wollensak (pioneiros no tratamento) deve ser seguido, consistindo na indicação somente se houver a constatação inequívoca de que estão ocorrendo episódios significativos e frequentes de progressão do ceratocone.
Na maior parte dos casos, o
paciente deve ser adaptado com lentes de contato rígidas gás permeáveis por
alguns motivos como: Oferece uma melhor acuidade e qualidade visual; é mais
seguro para o paciente pois permite a livre circulação da lágrima (lente RGP de
boa qualidade e bem adaptada); riscos de contaminação da lente quase
inexistente (paciente deve limpar a lente corretamente e com a frequência
determinada). É importante notar que mesmo com as novas lentes especiais
gelatinosas para o ceratocone em casos mais avançados elas falham em
proporcionar uma boa acuidade visual pois elas não corrigem inteiramente o
astigmatismo irregular provocado pela patologia.
Exames de rotina, como proceder?A topografia surgiu poucas décadas atrás e tornou-se rapidamente uma poderosa ferramenta para a observação e interpretação do relevo corneano. Especialmente no ceratocone ela serve para identificar as áreas quentes e de maior elevação (tons amarelo, laranja e vermelho geralmente) e as áreas frias e mais planas (verde e azul geralmente). Os especialistas utilizam a topografia (Fig.4) tanto para examinar o comportamento do ceratocone como no caso dos cirurgiões, para planejar as cirurgias e no caso dos especialistas em lentes de contato para planejar os testes de lentes especiais.
Além das topografias existem
também as tomografias de segmento anterior, surgiram primeiro o Orbscan
(B&L) e posteriormente o Pentacam (Oculus). Embora as topografias sirvam
bem para observar-se o comportamento da córnea anterior e verificar se há
progressão ou não, comparando exames de datas diferentes, a tomografia
proporciona uma quantidade mais rica de informações, como as elevações anteriores
e posteriores da córnea, a espessura corneana em toda a sua extensão e muitos
outros mapas que podem ser obtidos com um único exame. No IOSB nós utilizamos
tanto a topografia para um simples controle quando necessário e de alguns anos
para cá temos utilizado cada vez mais a tomografia de segmento anterior, em
especial o Pentacam (Fig.5) que é a nossa preferência. A opção por exames
feitos no Pentacam deve-se ao fato de que ele proporcionar uma área maior de
informações, é possível muitas vezes obter mapas de limbo a limbo ou de toda a
extensão da córnea. Outro fator importante a ressaltar é que quando comparado a
espessura da córnea obtida com este exame, a precisão dos valores obtidos com o
Pentacam é o que mais se aproximou do exame de paquimetria ultrassônica,
considerado o padrão-ouro para medir a espessura corneana. Os tomógrafos de
segmento anterior possuem uma margem de erro em relação a paquimetria e
portanto devem ser analisados sempre sob esta perspectiva, para maior precisão
é importante guiar-se pela paquimetria ultrassônica (Fig.6).
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Fig.5: Um dos vários mapas proporcionados pelo Pentacam. |
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Fig.6: Paquimetria Ultrassônica. |
Sobre a limpeza das lentes de contato
Embora a literatura atual e a
recomendação de que as lentes de contato sejam limpas com as soluções multiuso
para este propósito, quando se trata de lentes rígidas gás permeáveis ou mesmo
lentes esclerais, quem tem mais experiência na adaptação destas lentes sabe que
a limpeza das lentes apenas com estes produtos é limitada, especialmente para
os pacientes que possuem uma lágrima com maior quantidade de mucina, que com o
tempo cria aqueles depósitos muco-proteicos que aderem a superfície das lentes
deixando-as opacificadas com o tempo.
Para aumentar a durabilidade e
para deixar as lentes mais confortáveis e saudáveis para os olhos é
interessante limpar as lentes imediatamente após o uso, utilizando para isso um
xampu neutro (J&J) ou sabonete líquido (Ph balanceado) diluído em água ou
soro fisiológico se preferir (guardar na geladeira depois de aberto por no
máximo 7 dias e descartar), colocar a lente na palma de uma das mãos (mãos
limpas e secas), com o dedo indicador fazer movimentos circulares (fricção
leve) de maneira que a lente fique "ensaboada" nas duas superfícies,
depois enxaguar o produto e as mãos e somente após utilizar assim o produto
multiuso de lentes recomendado de forma a garantir a total assepsia das lentes.*
As lentes rígidas podem ser
armazenadas secas dentro do estojinho, é importante lavar com frequência o
estojo da mesma maneira. Se guardadas secas, procure lubrificar as lentes por
cerca de 15 a 20 minutos antes de inserir as mesmas no dia seguinte, ou então
acondicione as lentes com o produto multiuso prescrito pelo especialista.
Depois de 43 anos e com quase 20 mil pacientes adaptados com lentes rígidas o
IOSB nunca teve nenhuma complicação séria de pacientes decorrente da adaptação
ou do processo de limpeza.
*Esta recomendação somente é
válida para lentes rígidas e esclerais.
Um dos conselhos mais importantes é o de fazer revisões periódicas com o seu oftalmologista, mesmo que esteja tudo bem. O especialista deve alertar o paciente de fazer estas revisões que não são as mesmas revisões logo após o início da adaptação, estas consultas devem ser feitas no mínimo uma vez ao ano, mesmo que esteja tudo bem. É comum pacientes que estão bem adaptados com suas lentes ficarem as vezes alguns anos (eventualmente até muitos anos) e somente retornarem quando tem alguma complicação, desconforto ou quebra/perda de lentes.
As revisões de adaptação de
lentes de contato são como revisões de carro ou de equipamentos, quando se faz
revisões de rotina está se fazendo uma manutenção preventiva e quando o
paciente vem com algum problema a revisão é de manutenção corretiva. A
diferença pode estar entre o especialista planejar uma readequação da adaptação
para uma possível nova realidade (fig.7) mas em tempo e a de ele ter que
orientar o paciente a suspender o uso das lentes e tratar alguma lesão (se for
o caso) para somente após o término do tratamento reavaliar o caso e refazer os
testes. Somente neste momento ele poderá reavaliar o caso e refazer o exame
para que novas lentes sejam planejadas e solicitadas ao laboratório. Já dá para
ter uma ideia do tempo necessário até que o paciente retorne ao uso de suas
lentes.
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Fig.7: Lente apresentando toque, é necessário replanejar a lente para obter o padrão adequado. Observe o toque central escuro e uma pequena bolha junto ao acúmulo de lágrima. |
Uma orientação que deve ser dada ao paciente é que ele cuide sempre
que manusear suas lentes, caso elas caiam sobre uma superfície rígida, ter
muito cuidado ao juntá-las para não arrastar as lentes. Se isso ocorrer pode haver
a deterioração do desenho da borda da lente na sua porção interna especialmente
que vai ter contato mesmo que leve com a córnea. Se esta superfície perder o
polimento ou riscar ela poderá causar desconforto para o paciente, não adiante
lavar diversas vezes pois o desenho da lente foi alterado. A utilização de uma
ventosa do tipo DMV Ultra (Ultralentes) ajuda muito nesta hora para que o
paciente possa juntar a lente se ela cair em algum local de difícil acesso ou
de forma que fique difícil pegá-la com os dedos.
Esta é uma questão importante, pois alguns pacientes tem queixado-se de encontrar dificuldades em encontrar os produtos multi-uso recomendados. Entre os mais conhecidos estão o Boston Simplus (B&L) e o Opti Free GP (Alcon), no entanto não são todos os estabelecimentos farmacêuticos que dispõem destas soluções. Há alguns produtos atualmente sendo fornecidos por outras empresas mas não estão também disponíveis nas grandes redes.
No Brasil há uma vasta opção de produtos
multiuso para lentes gelatinosas devido ao alto volume de lentes dispensadas no
mercado, no entanto a realidade inverte-se quando são produtos específicos para
lentes rígidas. Nos EUA e no Reino Unido existem uma maior oferta de produtos
multiuso para lentes rígidas (e esclerais), com marcas que não estão
disponíveis no Brasil.
Caso o usuário de lentes rígidas
fique sem o seu produto multiuso é extremamente recomendável que ele entre em
contato com o seu oftalmologista para pedir uma orientação, o seu médico poderá
entrar em contato com o laboratório farmacêutico para ajudá-lo. Se por acaso
for imprescindível utilizar suas lentes é recomendado fazer a limpeza conforme
foi mencionado acima e enxaguar as lentes com soro fisiológico antes de inserir
as mesmas, no entanto ressaltamos que é fundamental colocar um adesivo no
rótulo da embalagem do soro com a data
em que o mesmo foi aberto, não tocar o bico do mesmo, acondicionar o frasco
fechado na geladeira e descartá-lo no máximo após 7 dias depois de aberto para
evitar a sua contaminação. Somente proceda desta maneira em uma emergência, do
contrário dê preferência ao produto multiuso de sua preferência, respaldado
pelo seu oftalmologista.
Espero que com estas dicas e comentários
possamos ajudar a todos que possuem ceratocone e que eventualmente utilizem
lentes de contato especiais para que estes tenham uma melhor qualidade de visão
e de vida.
Luciano Bastos
Diretor & Instrutor Clínico de Lentes especiaisInstituto de Olhos Dr. Saul Bastos