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segunda-feira, 4 de outubro de 2021

ATUALIZAÇÕES SOBRE CERATOCONE 2021

Fig.01: Ceratocone

UMA BREVE INTRODUÇÃO

Faz algum tempo desde a última vez que fiz uma postagem no blog. Após participar de duas excelentes palestras online no mês de Setembro sobre ceratocone, uma por cirurgiões e outra de especialistas em lentes de contato, me inspirei novamente a passar mais informações.

A primeira, ás 18hs do dia 22/09/2021 foi da Pan-American association of Ophthalmology com o título "Abordagem Atual do Ceratocone" com o grande amigo e excelente especialista Dr. Hamílton Moreira, de Curitiba, PR. A palestra foi assistida no Brasil, em Portugal e em diversos países de língua espanhola.

A segunda foi ás 20:30 do mesmo dia, da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria com o título "Tratamento do Ceratocone Por Adaptação de Lentes de Contato Corneanas" com a apresentação da querida Dra. Luciane Moreira, também de Curitiba, e a participação dos oftalmologistas Dr. Ari de Souza Pena, Dra. Lívia Adnet, Dra. Regina Noma e Dr. Roberto Deway.

Ambas palestras e discussões foram ricas em conteúdo e ratificam de forma contudente que a oftalmologia brasileira não deve nada em comparação ao que está disponível no primeiro mundo. Seguem algumas observações minhas sobre elas. 

Fig.02: Joseph W. Soper
Comecei a estudar o ceratocone bem cedo, em virtude de minha missão de colaborar com meu pai, Dr. Saul Bastos, oftalmologista pioneiro na reabilitação visual com lentes de contato especiais no Brasil. A minha missão começou aos 18 para 19 anos, quando decidi abrir mão de projetos pessoais para ajudar meu pai no desenvolvimento e fabricação de lentes de contato. Meu pai não queria que eu seguisse a medicina, ele via um outro futuro e queria muito que fosse economista. Ao abrir mão deste caminho, ele me disse que se eu queria ajudá-lo teria que estudar muito. Me deu um livro de lentes de contato escrito pelo nosso mestre Jospeph W. Soper (fig.02) e Dr. Louis Girard, escrito na década de 70 e que foi, e ainda é, uma das melhores obras científicas sobre lentes de contato especiais. Me instruiu a ler o livro inteiro. Embora fosse em ingles, eu já dominava o idioma há bastante tempo e na medida que avançava os capítulos eu ia aprendendo os termos mais técnicos e científicos. Li o livro em pouco menos de um mês, ele me orientou a ler novamente. Desta vez li ele inteiro em cerca de 10 dias foi a partir deste momento que começamos a conversar e também a ter aulas práticas, vendo pacientes e observando o que cada porção e modificação no desenho das lentes produzia no resultado final, nos olhos dos pacientes. E assim foi por longos anos, participando de congressos e desenvolvendo e fabricando lentes cada vez melhores.

Fig.03: Dr. Perry Rosenthal
Meu pai abriu as portas para que eu também estudasse com alguns dos maiores especialistas internacionais nas áreas de lentes rígidas especiais, como Joseph W. Soper (TX-US) para lentes rígidas, Perry Rosenthal, MD, PhD (MA-US) que foi professor de meu pai em Boston (fig.03) e Ken Pullum (UK), estes para as lentes esclerais. 

No meio do caminho impossível citar os inúmeros congressos de oftalmologia no Brasil e nos EUA, amigos oftalmologistas de meu pai, os quais tive a alegria de ter como amigos, além dos demais que fui conhecendo ao longo dos anos. Alguns deles, expoentes da oftalmologia na área cirúrgica, seja na cirurgia refrativa, implante de anel, transplante de córnea, catarata e crosslinking, com os quais pude aprender muito sobre córnea e mais especificamente sobre ceratocone, cirurgias  e demais tratamentos.

Na oftalmologia, em relação ao ceratocone há duas linhas de conduta que não necessariamente são contraditórias, embora sejam na essência, mas que acabam em algum momento se encontrando e pelo bem maior que é o de ajudar ao paciente com ceratocone e outras ectasias corneanas a ter uma melhor visão e consequentmente melhor qualidade de vida. A reabilitação visual é fundamental para o paciente manter a sua dignidade, poder levar adiante sua trajetória de vida, seja educacional, profissional, esportiva ou social.

Basicamente, uma linha de atuação acredita no remodelamento da córnea, trata e procura moldar a córnea, ou alterar a sua refração e a outra procura corrigir a visão com o uso de lentes de contato especiais. O objetivo individual de cada procedimento é o mesmo mas seguindo caminhos diferentes. E nesta postagem comento sobre cada uma delas, embora já tenha feito isso em outras postagens antigas, sobre estas linhas e suas peculiaridades, semelhanças e diferenças.

TRATAMENTOS PARA O CERATOCONE


A avaliação do Ceratocone


Em casos iniciais o diagnóstico do ceratocone é mais complexa e exige uma maior experiência do especialista e observação. Os topógrafos ajudam mas também pode ser difícil avaliar os estagios bem iniciais. A topografia foi, desde meados do século 21, o exame que mais ajudou para a avaliação da topografia anterior da córnea e ainda é bastante utilizada. 

Fig.04: Mapa Pentacam

Um avanço na avaliação do ceratocone surgiu com o desenvovimento de equipamentos mais sofusticados como os tomógrafos de segmento anterior, como o Orbscan II e posteriormente o Pentacam, entre outros tomógrafos. No IOSB temos utilizado largamente o Pentacam (fig.04) com seus diferentes mapas e o Tomógrafo de Coerência Óptica (OCT) para a avaliação e planejamento da adaptação de lentes esclerais. 

A paquimetria ultrassônica é considerada o padrão ouro para medir a espessura corneana, no entanto na última dácada a crescente popularização de exames de tomografia de segmento anterior baseados no Scheimpflug como o Pentacam (fig.01), Galilei e TMS-5 tem ajudado muito na compreensão não somente da espessura total da córnea como das demais estruturas e uma série de informações pertinentes que ajudam a compreender melhor a estrutura da córnea.

A biomiscroscopia especular é importante para se ter um controle da contagem e da morfologia das células endoteliais, especialmente dos pacientes usuários de lentes de contato, especialmente de lentes esclerais. Em nossa experiência clínica no IOSB não temos observado alterações significativas em usuários de lentes esclerais. Com uma casuística de pacientes considerável, 51 anos adaptando lentes especiais rígidas e 14 anos adaptando as modernas lentes esclerais permeáveis ao oxiênio, não observamos alterações significativas da contagem de células endoteliais, levando-se em conta que temos um padrão de excelência tanto no desenho das lentes quanto da técnica de adaptação, importante sempre ressaltar.

Embora existam atualmente novas tecnologias como o Ocular Response Analyser (ORA) que é uma tecnologia muito interessante que mede a resistência biomecânica da córnea, ainda são poucos os resultados efetivos dos dados que as mesmas geram. Na verdade elas "quantificam" e "qualificam" o que já é conhecido por exemplo, no ceratocone e demais ectasias corneanas há uma menor resistência biomecânica da córnea. O exame não demonstra a causa mas comprova que há um enfraquecimento das estruturas de colágeno corneano.

Irei mencionar tratamentos que consolidaram-se ao longo dos anos e estão disponíveis e também alguns que foram objeto de estudo mas que não apresentaram a resposta esperada ou ainda encontram-se em estudo.Depois falarei sobre cada um deles.

Tratamentos Consolidados: 

  • Prescrição de Óculos
  • Adaptação de Lentes de Contato Especiais
  • Transplante de Córnea
  • Implante de Anel Intracorneano
  • Crosslinking
  • Cirurgia a laser topoguiada
Tratamentos em Estudo ou e não consolidados:
  • Radiofrequência
  • Keraflex
  • Implante Estenopeico

Tratamentos Consolidados

Prescrição de Óculos

Dentre os tratamentos consolidados temos diferentes opções de acordo com cada caso ou do estágio do ceratocone. No entanto, não é incomum um paciente ter opiniões diferentes de diferentes especialistas no sentido de qual tratamento optar. O que geralmente se observa é que se o especialista tem uma maior experiência em uma determinada técnica muitas vezes aquela técnica será proposta ou indicada ao paciente. Alguns cirurgioes tem experiência com diferentes técnicas e conforme for sua curva de experiência poderá ter uma melhor verstatilidade para determinar o melhor curso a seguir ou até mesmo propor tratamentos combinados, o chamado Protocolo de Atenas.

Nos casos iniciais ou naqueles que felizmente não progridem de forma mais agressiva a prescrição de óculos é viável e bastante utilizada. No entanto é importante que a refração seja muito bem elaborada pelo oftalmologista. Alguns ao constatar o ceratocone já desistem de realizar uma refração mais elaborada devido a dificuldade, mas as vezes é uma questão apenas de tomar mais tempo e de ter a colaboração do paciente para realizar uma refração bem elaborada de maneira a proporcionar uma acuidade visual satisfatória. No IOSB muitas vezes obtemos sucesso com os óculos e a adaptação de lentes de contato especiais nestes pacientes passa a ser opcional, lembrando que na imensa maior parte dos casos, com a adaptação de lentes de contato é possível obter uma acuidade visual consideravelmente melhor e muitas vezes chegar a 20/20 ou melhor.

Adaptação de Lentes de Contato Especiais

As lentes de contato especiais são mencionadas em todas as alternativas cirúrgicas, sendo muitas vezes necessárias mesmo após o procedimento. Naturalmente que se a cirurgia, seja qual for, possibilitar que o paciente possa atingir uma acuidade visual com óculos aceitável, satisfatória, na qual ele possa exercer suas atividades não precisa de lentes de contato ou estas passam a ser uma indicação relativa e não determinante para a melhor visão. É contudo importante mencionar que as lentes de contato são, na maior parte dos casos, a melhor alternativa para a reabilitação visual no ceratocone sem ou após qualquer cirurgia.

Muitos oftalmologistas que fazem segmento anterior tem alguma experiência com córnea, grande parte domina a adaptação de lentes de contato gelatinosas e descartáveis e alguns dedicam-se a adaptação de lentes rígidas gás permeáveis (RGPs), sendo que também a cada dia vemos crescer o número de especialistas iniciando a adaptação de lentes esclerais. As lentes mais indicadas para o ceratocone são as lentes especiais RGPs e esclerais, não irei comentar sobre lentes gelatinosas hidrfílicas especiais para o ceratocone uma vez que são poucos os casos onde elas possuem uma boa efetividade sozinhas, especialmente nos casos moderados, avançados e severos. 

As lentes especiais podem ser divididas em:

  1. Lentes RGPs monocurvas: Estas são lentes de curvartura posterior única, podendo ser esféricas ou asféricas (em forma elipsoidal) para um maior alinhamento junto a córnea.

  2. Lentes RGPs Especiais (tipo Soper): São lentes que possuem duas curvas-base posteriores, em forma de um "chapéu" que proporcionam um melhor acompanhamento da curvatura central sobre o ápice do ceratocone, a porção que está com uma protusão, geralmente central, da córnea. Quase todas as lentes especiais para o ceratocone originam-se na lente desenvolvida por nosso professor e amigo, Joseph W. Soper. A lente que meu pai e eu desenvolvemos era anteriormente chamada de Soper Modificada e com os avanços tecnológicos que introduzimos ela foi nomeada de lente Ultracone, com diferentes módulos e modelos.



    Vídeo: Adaptação de lente Ultracone (tipo SoperModificada)


  3. Sistema de Piggyback ou a Cavaleiro: Esta técnica consiste em adaptar lentes rígidas sobre lentes gelatinosas, o paciente tem que usar duas lentes em cada olho, sedo a gelatinosa por baixo. Embora esta técnica tenha sua validade e muitos experientes oftalmologistas optem por esta modalidade, em 51 anos de especialidade nunca fizemos ou nunca foi necessário no Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos (IOSB). Há uma grande disponibilidade de lentes descartáveis e gelatinosas que podem ser utilizadas para essa técnica que vise proporcionar maior conforto ao paciente. Por outro lado recebemos ao longo dos anos pacientes que acabaram desenvolvendo complicações com estas técnicas, em especial intolerância alérgica após algum tempo usando este sistema, as vezes alguns anos depois, as vezes até antes.        

  4. Lentes Esclerais: As lentes esclerais renasceram após cerca de mais de 30 anos após serem utilizadas nas décdas de 50, 60 e 70. Naquela época eram feitas em vidro ou em material acrílico (PMMA) e não proporcionavam adequada oxigenação a córnea. Isso fazia com que os pacientes pudessem usá-las por apenas 4 ou 5 horas no máximo ou usar por poucas horas, remover e depois colocar mais por cerca de 2 ou 3 horas, caso ultrapassasse esse tempo desenvolvia edema de córnea.

    Por volta de 2001, meados de 2002 meu pai, Dr. Saul Bastos me pediu que eu esrudasse sobre lentes semi-esclerais e esclerais, na época a internet serviu para alguma introdução ao tema mas principalmente os livros antigos dele da década de 70 me ajudaram muito. Depois, a indicação de eu procurar o professor dele em Boston, MA (EUA), Dr. Perry Rosenthal, MD PhD e um dos maiores especialistas em lentes esclerais do mundo, foi o início de uma longa jornada de estudos.

    Logo em seguida os fabricantes de matéria-prima começaram, por volta de 2004 e 2006 a desenvolver novos materiais de diâmetros maiores para a fabricação de lentes esclerais com materiais permeáveis ao oxigenio. Com isso, a Ultralentes foi pioneira no desenvolvimento e na fabricação de lentes esclerais nos modernos materiais gás permeáveis no Brasil e na América Latina. Tive a alegria e satisfação de ter contribuído no livro de Adaptação de Lentes de Contato do saudoso Dr. Cléber Godinho, eterno amigo, o primeiro capítulo sobre o tema de lentes esclerais da oftalmologia brasileira, sob o título Lentes Esclerais.⁶


     
                   Figs. 05 e 06: Lentes Esclerais SSB 17.5 mm e SB Full 19.5 mm.

    Hoje, fabricamos na Ultralentes lentes esclerais de diâmetros de até 21.0 mm de diâmetro, sendo divididas em corneo-esclerais de 14.5 a 15.5 mm, semiesclerais de diâmetros de 16.5 a 17.5 mm e lentes tipo full scleral de diâmetros de 18.5 a 21.0 mm. Estas lentes podem alcançar valores de SAG (alltura sagital) maiores que quaisquer outras lentes esclerais disponívels e com um desenhjo muito avançado, leve, estável e que permite excelente adaptação. (figs.05 e 06)


O Transplante de Córnea

Tranplante Manual e Automático ou Penetrating Keratoplasty (PKT)

A cirurgia de transplante de córnea evoluiu muito nas últimas décadas, inicalmente era realizada manualmente o transplante penetrante e os resultados dependiam muito da mão do cirurgião e sua curva de experiência e da qualidade das córneas capatdas pelos banco de olhos em todo o país. A recuperação do transplkante manual é de 12 a 18 meses até a cicatrização total. Com o advento do laser para remoção do botão afetado da córnea, preparação tanto do receptor como do enxerto os resultados tiveram uma melhora significativa e embora a recuperação seja mais rápida observamos ao longo do tempo que mesmo após 6 - 12 meses a topogafia corneana ainda sofria alterações por até mais tempo até estabilizar, mas sem dúvida que a qualidade da cirurgia é mais bonita, com encaixe melhor e menos astigmatismo iregular mais presente na técnica manual.

Transplante Lamelar 

O transplante lamelar foi um dos maiores avanços obtidos com a introdução da técnica automática com lasers de alta precisão. Estes sofisticados e caros equipamentos permitiram o desenvolvimento de técnicas como o Transplante Lamelar Profundo Anterior (Deep Anterior Lamelar Keratoplasty - DALK) e a ceratoplastia endoltelial (Endothelial Keratoplasty - EK) entre outras.

A técnica do transplante lamelar profundo oferece ainda uma melhor cicatrização e um menor números de adversidades como bem menor índices de rejeição, isso ocorre devido ao transplante ser de apenas uma camada da córnea que é removida e uma camada saudável é colocada ems eu lugar. Uma dificuldade desta técnica é que ela somente é viável se o paciente apresentar um voluime estromal compatível e seguro, pois caso contrario uma alteração "on the fly" pode se rnecessária e no meio da cirurgia o médico tenha que optar pelo transplante tradicional. A técnica lamelar tem ótima indicação se o paciente tiver alguma opacidade central superficial que possa ser removida com o procedimento. Devido ao fato de ela precisar ter um volume de córnea suficiente para remoção de uma camada, faz com que parte de sua indicação seja melhor em casos mais iniciais e moderados, com exceções pois neste estágio a adaptação de lentes de contato especiais tem grande apelo pelos resultados excelentes que proporcionam. 

Implante de Anel Intracorneano

A história do implante de anel intracorneano ou intraestromal inicia com os experimentos de Barraquer na Espanha, chamado de Intacs. Este foi desenvolvido inicalmente para correção de miopias e também para casos mais iniciais de ceratocone. Com o passar dos anos tivemos no Brasil o desenvolvimento de novos desenhos de anel intracorneano, como o desenvolvido pelo oftalmologista Dr. Paulo Ferrara que desenvolveu o Anel de Ferrara, este indicado para o tratamento do ceratocone. Com o passar dos anos novos modelos com nomogramas mais modernos e atualizados foram introduzidos para aprimiorar os resultados. A finalidade principal do implante de anel é criar uma superfície mais regular na córnea e assim proporcionar uma melhor acuidade visual, seja sem óculos, com óculos ou lentes de contato. Em nossa experiência pessoal no IOSB vimos vários casos, alguns tiveram resultados bons e referem que o implante ajudou mas ainda necessitam da adaptação de lentes especiais para uma melhor acuidade visual. Em alguns casos há relatos de não ter alterado muito a visão sem correção, outros de que houve piora. Isso pode em parte estar associado a cirurgições ainda em fase de curva de aprendizado uma vez que os cirurgiões mais experientes geralmente tem melhores resultados.

Importante mencionar que uma característica que observamos logo que começamos a ver os primeiros casos de implante de anel para adaptação e readaptação de lentes RGPs para ceratocone foi que a adaptação tornou-se mais complexa. Geralmente o segmento temporal e mais inferior cria uma elevação pontual na porção inferior do segmento, onde a lente rígida acaba tocando e induzindo a ceratite localizada e até mesmo erosão superficial. Este fenômeno é desconfortável para o paciente e inviabiliza o uso da lente rígida. Em meados de 2007 iniciamos o projeto de um desenho especial chamado Ultracone PCR (Pós-Implante de Anel), com diâmetro e zona óptica posterior maiores de maneira a sobrepor esta elevação. A vantagem deste desenho é que é extremamente personalizável e possibilita em muitos casos a readaptação de lente rígida. Em 2011 a revista Contact Lens Spectrum Magazine publicou um artigo que escrevi, inclusive sendo capa daquela edição, na qual trata desta dificuldade e de como desenvolvemos a lente Ultracone PCR. Para ver o artigo clique no link a seguir:
Fitting Keratoconus After Corneal Ring Implants - November, 2011

Alguns oftalmologistas utilizam a técnica do piggyback como alternativa para superar esta dificuldade e tem sucesso. No entanto a adaptação de dois pares de lentes e de dois sistemas de manutenção acabam tendo maior custo para o paciente e em alguns casos podem induzir a intolerância alérgica devido ao uso de lentes gelatinosas que não permitem a mesma lubrificação e oxigenação da córnea, mesmo quando lentes gelatinosas mais finas, descartáveis, são utilizadas. 

A adaptação de lentes esclerais a partir de 2008 facilitou muito a resolução de casos mais difíceis onde a presença do anel impossibilitava a obtenção de bons resultados com as lentes rígidas gás permeáveis (RGPs), pois estas sobrepoem toda a córnea e apoiam-se suavemente junto a esclera. (fig.07)


Fig.07: Adaptação de lente escleral SB Full pós-implante de anel.

Uma técnica que resultou em maior precisão na técnica foi a utilização do laser para perfazer os dutos de forma automática e muito precisa. Uma coisa que observamos com alguma frequência ao longo dos anos foi a imprevibilidade dos resultados, o que pode levar a frustração do paciente e de seus familiares que depositam muita esperança na técnica e depois observam que os resultados foram aquém do esperado. Isso é frustrante para o paciente e seus familiares e amigos que se enchem de esperança. Mas novamente é preciso levar em conta que dependerá muito da habilidade de planejamento e da execução da cirurgia.

Alguns cirurgiões podem optar pela combinação de tratamentos, combinando técnicas como implante com crosslinling de colageno de córnea com riboflavina, e até mesmo cirurgia topoguiada as vezes, não necessariamente nesta ordem. Acho que é muita agressão a córnea, me parece mais arriscado colocar uma córnea já fragilizada com uma resistência biomecânica alterada para ser submetida a uma série de procedimentos para remodelamento corneano. Mas a idéia do cirurgião é fantástica do ponto de vista teórico de que com isso as chances de obter um melhor resultado visual seja maior. Também foi observado que o implante de anel intraestomal sozinho não é suficiente para evitar um episódio de progressão no ceratocone.¹


Crosslinking de Colageno de Córnea com Riboflavina (CXL)

O protocolo de Dresdren

A cirurgia de crosslinking foi desenvolvida pelos oftalmologistas alemães Dr.Theo Seiller e Gregor Wollensak foi uma das maiores desobertas deste século. Seiller teve a ideia observando seu dentista utilizar uma luz azul (ultravioleta) para aumentar e velocidade de secura de um implante dentário, ele pensou naquilo e teve a ideia de experimentar em olhos de animais. Passados os testes inciais os primeiros casos operados poor ele foram por volta de 2001 e 2002. Lembro que meu pai esteve em Lipzig na Alemanha e foi aprender mais sobre a técnica uma vez que ainda eram muito escassas as informações ainda aqui no Brasil. A técnica demonstou ser eficaz no aumento da resistência biomecânica da córnea em mais de 70% dos casos, sem maiores complicações. A técnica consiste em remover o epitélio corneano (porção mais superficial da córnea), aplicar gotas de colírio de roboflavina sob uma luz ultravioleta controlada, por 30 minutos para que essa luz irradia agisse como um catalizador da ligação da riboflavina com o colágeno corneano, aumentando assim as suas ligações e promovendo uma maior resistância biomecânica. 

Alguns efeitos secundários se apresentavam como a formação de um haze corneano e diminuição do contraste que pode durar de alguns dias a até pouco mais de um mês mas depois melhora, e o fato de ser um procedimento bastante dolorido devido a remoção do epitélio corneano mas que pode ser  tolerado utilizando medicação para a dor, sendo que nos dia seguintes ao procdimento já está bem melhor e não há desconforto. Em alguns casos o procedimento pode gerar algumas reações inesperadas mas felizmente ele é bem seguro na maior parte dos casos.

Segundo o protocolo de Dresdren o crosslinking deve ter indicação (segura) quando o paciente é jovem,  quando houver a constatação inequívoca de progressão real de 1.5 - 2 ou mais dioptrias em seis meses, indicando que o paciente está passando por episódios de progressão e que a córnea tenha um mínimo de 400 micras de espessura em seu ponto mais fino. Não havendo a constatação de progressão ou queixa de queda da acuide visual neste período a orientação é acompanhar o caso. 

É importante ressaltar que as técnicas de transplante lamelar profundo (Deep Anterior Lamelar Keratoplasty - DALK), implante de anel intracorneano e o crosslinking tradicional (protocolo de Atenas) são melhor indicaados quando há um volme estromal suficiente para a realização do mesmo com maior segurança ou seja, é necessário que a córnea não esteja muito fina. Neste sentido a realização de exames para medir a espessura corneana como a paquimetria ultrassônica (considerada o padrão-ouro da paqumetria corneana) ou exames como o mapa de espessura corneana provido pelo Pentacam são importantes, assim como a analise criteriosa do cirurgião da biomicroscopia da córnea do paciente. 

Outros protocolos

Accelerated Crosslinking e Transepithelial Crosslinking (Epi-On)


Com a popularização do CXL surgiram novas tecnologias para aprimorar a técnica, uma delas é o crosslinking acelerado Accelerated Crosslinking que utiliza uma diferente concentração de ribloflavina para tornar o procedimento mais rápido Na verdade o trabalho do médico é proceder a desepitelização da córnea, depois o tratamento em si é feito com uma luz que fica a uma distância específica da córnea, com intensidade controlada e tem que pingar a riboflavina a cada 5 minutos, o que é um auxiliar de enfermagem pode fazer. Diminuindo o tempo do tratamento permite ao médico fazer mais procedimentos no período alocado para o paciente e também pode ser mais rápido também para o paciente.

Outra ténica é a realização do um crosslinking transepitelial (transepithelial crosslinking ou epi-on) onde não há remoção do epitélio corneano o que é bom para o paciente pois não é dolorosoa a recuperação. No entanto estudos demonstram que esta técnica é bem menos efetiva do que a técnica tradicional.

Cirurgia Topoguiada e Protocolo de Atenas (The Athens Protocol)

A presença de astigmatismo e miopia progressiva presente nas ectasias corneanas estão associadas a uma série de patologias, como ceratocone (a mais comum), ceratoglobo e degeneração marginal pelúcida. No entanto há na literatura uma ectasia mais recente oriunda da cirurgia refrativa, em especial a técnica do LASIK mas também em alguns casos de PRK.² ³ 

A técnica da cirurgia topoguiada e aplicação de crosslinking no mesmo dia em córneas estabilizadas, segundo o protocolo de Atenas mostra que há possibilidade de normalizar melhor a córnea proporcionando uma melhora visual para o paciente. Apesar de o pós-operatico apresntar haze e, em alguns casos, demora na reepitelização corneana, são poucos casos em relação ao montante de cirurgias realizadas. É cvonsiderado um tratamento terapêutico e não refrativo pois o objetivo é reduzir as iregularidades na córnea. Observa-se a dminuição de algums dioptrias de astigmatismo irregular mas também o aumento da miopia em até uma dioptria.

O crosslinking tradicional proporciona uma restabilização da córnea mas em alguns casos pode aumentar o astigmatismo residual, limitando a adaptação de lentes de contato devido ao aplanamento da córnea. Nestes casos a ablação parcial a laser (ou photorefractive keratotomy - PRK) topoguiada pode ser indicada. Novamente após o tratamento, caso os óculos não proporcionem ainda uma acuidade visual satisfatória que permita ao paciente exercer suas atividades, as lentes de contato especiais tem papel em proporcionar a melhor acuidade visual possível de obter. 


Tratamentos em estudo e/ou não consolidados

Radiofrequência

Um artigo de 2007, realizado na Universidade de Ciências da Saude de Alagoas, se propos a avaliar o uso da radiofrequência no tratamento do ceratocone. O estudo comenta que a técnica de termoceratoplastia⁴ foi abandonada por complicações e pela falta de previsibilidade. Na metade da década de 70 a termoceratoplastia foi modificada e reintroduzida por Gasset e Kaufman³. Estudos posteriores constaram índices de sucesso consideravelmente baixos e grande incidencia de morbidade apos o procedimento ou seja, agravo da condição.

Segundo este estudo conduzido pelos oftalmologistas João Marcelo Lyra, MD, PhD, Fernando Cancçado Trindade, MD, PhD, Daniela Lyra, MD, Antônio Bezerra, MD, PhD a radiofrequência foi reintroduzida recentemente (possivelmente anterior a 2007) para o tratamento da hipermetropia e consiste em aplicar uma energia de radiofrequência no estroma utilizando uma sonda de ponta. A sonda emite vibração que gera calor no estroma, fazendo com que ele diminua. A ponta da sonda é aplicada em pontos especificos de maneira a aumentar a curvatura central e assim neutralizar a hipermetropia. Este estudo não é a mesma técnica utilizada na termoceratoplastia mencionada anteriormente. 

O estudo conduzido pelos especialistas brasileiros apresenta uma técnica cirúrgica utilizando a radiofrequência e a aplicação em áreas de calor em posições modificadas. O objetivo é obter um remodelamento e melhor regularização da córnea em pacientes com ceratocone avançado.

A idéia do remodelamento corneano pela técnica da radiofrequência ainda encontra-se em estudo, no entanto ainda não é considerada uma téncia consolidada, mesmo com resultados promissores encontrados pelos notéveis autores.

Keraflex e Crosslinking de Colágeno Corneano Combinado

O procedimento de correção refrativa e topográfica através do Keraflex Microwave System consiste em um procedimento oftãlmico não incisional, baseado em microondas para aplanar a córnea sem a remoção de tecido. O tratamento leva menos de um segundo e é aprimorado através de um subconsequente tratamento utilizando o tratamento de crossling acelerado com o Avedro KXL System.

O procedimento para tratar o ceratocone inicalmente estava disponível apenas em ensaios clínicos e não estava comercialmente disponível exceto em alguns países como a Turquia. O tratamento por microondas é realizado em uma área circular central em menos de um segundo seguida de um resfriamento e da aplicação de crosslinking de colageno corneano. Os estudos demonstraramq ue os melhores resultados ocorreram  nos casos onde o CXL foi aplicado imediatamente após o Keraflex.

Casualmente em 2014 recebemos um paciente de Brasília submetido ao Keraflex+CXL (ao clicar no link direciona a um artigo sobre este caso), Ele estava na Europa e viajou a Turquia para realizar o procedimento. Embora não tivessemos exames pré-operatórios do paciente como topografia ou Pentacam ele tinha queixas de flutuação da visão. Conseguimos uma boa adaptação de lentes Ultracone, mas impressinou bastante a marca deixada pelo procedimento.⁵

Embora não seja uma técnica consolidada ainda encontra-se em estudos que podem aprimorar a tecnologia e trazer benefícios para muitos pacientes. Mesmo assim, como em todos os procedimentos, a adaptação de lentes de contato é um fator importante para a melhora da acuidade visual e especialmente córneas que foram submetidas a tratamentos pouco ou muito invasivos o ideal sempre é a adaptação de lenets RGPs ou esclerais de alta qualidade que permitem maior segurança e asseguram a saúde fisiológica da córnea.


Implante Estenopeico

Fig.08: Implante estenopeico

O médico mineiro Dr. Claudio Trindade desenvolveu uma técnica inovadora, embora de conceito antigo, para melhorar a acuidade visual de pacientes com a visão comprometida devido a córneas irregulares.

A técnica consiste em um implante de um dispositivo muito parecido com uma lente intra-ocular (LIO) utilizada na cirurgia de catarata mas com com uma coloração preta que bloqueia parte dos raios e um pequeno orifício (pinhole) que faz com que os raios luminosos entrem de forma mais paralela proporcionando uma melhora na visão (fig.2). Nas córneas irregulares os raios de luz chegam a retina de forma confusa e de diferentes ângulos devido ao astigmatismo irregular corneano. O princípio do Pinhole foi descoberto e desenvolvido desde o ínício do século passado e já havia um estudo similar de um dispositivo de lente intraocular (LIO) desenvolvido em 1992 pelo oftalmologista austríaco, Dr. VõrÖsmarthy através da mesma empresa que está desenvolvendo o dispositivo concebido pelo Dr. Trindade. Em Junho de 2017, publiquei aqui no blog um artigo sobre esta técnica, você pode acessar clicando neste link Técnica do Implante Estenopeico.

É importante salientar que a técnica envolve a estração do cristalino transparente e saudável para que seja feita a cirurgia e implante de uma lente intraocular (LIO) e o implante estenopeico fixado ao mesmo. Isso implica em uma cicrurgia de facoemulsificação de um cristialino saudável o que torna mais complexo o procedimento. Já a cirurgia feita em pacientes que tenham diagnóstico de catarata, mesmo que inicial fica melhor para a estração do cristalino. 

Outro ponto a ser analisado e tenho certeza de que o ilustre Dr. Trindade deve estar analisando é a questão da visão noturna. Nós todos temos aquela acomodação em baixa iluminosidade onde a pupila aumenta de tamanho e nos "acostumamos" com o escuro ou penumbra. No caso do implante estenopeico este efeito é neutralizado pois o diâmetro do filtro não aumenta de tamanho. Também desconheço se o implante estonopeico pode afetar o campo visual no olho operado ou seja, a visão lateral. Pelo que li, não houve alterações significativas destes achados no entanto já vi depoimentos de pacientes nas redes sociais que relataram os mesmos embora ainda assim estejam satisfeitos com o resultado.

Importante também mencionar o fato de que com a cirurgia de implante da LIO e do dispositivo estenopeico a córnea permanece inalterada. A possível necessidade de um paciente necessitar de transplante de córnea futuramente é algo que não se tem ideia de como isso poderá interferir na sua acuidade visual. Há a possibilidade de que uma nova intervenção seja feita para adequar o poder da LIO nestes casos. Desconheço se já houve algum caso neste sentido.

A técnica tem demonstrado excelentes resultados na reabilitação visual em pacientes com córneas extremamente irregulares, especialmente quando há indicação, ainda que precoce, de uma cirurgia de catarata não totalmente madura. O Dr. Cláudio Trindade recebeu em 2017 o prêmio máximo da Sociedade Americana de Catarata e Cirurgia Refrativa pelo trabalho expondo os detalhes da técnica e os resultados obtidos com o novo implante intraocular estenopeico. 


Discussão

A oftalmologia brasileira é uma das mais avançadas do mundo e não perde nada em relação ao que encontra-se em países como os EUA, Inglaterra e Alemanha, entre outros. Temos no Brasil vários especialistas com excelentes trabalhos, alguns nomes como o Dr. Paulo Ferrara e o Dr. Cláudio Trindade entre outros. As opções de tratamento do ceratocone disponíveis são diversas e contemplam diferentes situações. As tentativas de técnicas de remodelamento corneano e refrativas são importantes e tendem a ser aprimoradas nas próximas décadas. Atualmente a maior parte delas, em muitos casos, ainda terá o componente essencial da adaptação de lentes de contato especiais. O Brasil também conta com excelentes fabricantes de lentes de contato, entre grandes empresas e laboratórios menores. 

O avanço tecnológico na área da contatologia médica também é uma realidade, há anos contamos com a excelência oftalmológica na reabilitação visual com lentes de contato especiais. A Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria (SOBLEC), que este ano está comemorando 50 anos de sua fundação, sempre teve importante papel na formação de novos profissionais e na difusão da especialidade. Muito me orgulha meu pai, Dr. Saul Bastos, ter sido um de seus fundadores em 1971 e também tenho muito carinho e orgulho de ter contribuido em algumas oportunidades, quando convidado, para colaborar cientificamente. 

Conclusão

Todas as técnicas, em especial as já consagradas e aprovadas tem sucesso em um número de casos, ainda que com algumas limitações, elas tem ajudado a uma parcela significativa dos pacientes. Em relação á adaptação de lentes de contato é imprescindível que sejam utilizadas lentes de contato de alta qualidade e tecnologia e de serem corretamente adaptadas. A adaptação de lentes de contato tem sido ao longo de várias décadas a principal alternativa que proporciona uma acuidade visual satisfatória e na maior parte dos casos permite aos pacientes recuperaram não somente uma melhor visão, mas como a sua autoestima, a autoconfiança de maneira a retomar as suas atividades, sejam elas laborais, esportivas ou sociais.

É inegável que tanto as técnicas cirúrgicas e a adaptação de lentes de contato especiais tem papela fundamental na melhoria da visão e da qualidade de vida de dezenas de milhares de pacientes, devolvendo-lhes a sua capacidade laborativa, social e educacional. A oftalmologia brasileira está de parabéns. Em alguns casos, com as técnicas cirúrgicas é possível o paciente usar óculos tendo uma qualidade razoável e satisfatória de visão.


Luciano Bastos
Diretor e Instrutor Clínico de LC Especiais
Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos - IOSB
Diretor e Consultor em LC Especiais
Ultralentes Ind. Óptica.


Obs. Nesta compliação de informações sobre o ceratocone não abordei estudos sobre a origem da patologia.




Bibliografia

1. Araujo, Bruno Schneider   Progressão do Ceratocone após Implante de Anel Corneano Intraestromal - Programa de Pós-graduação em Medicina: Ciências Cirúrgicas - UFRGS Porto Alenre - 2018  

2. Klein SR,Epstein RJ,Randleman JB,et al.Corneal ectasia after laser in situ keratomileusis in patients without apparent preoperative risk factors.Cornea.2006;25:388-403.

3. Binder PS.Ectasia after laser in situ keratomileusis. J Cataract Refract Surg.2003;29:2419-2429.

4. Gasset AR, Kaufman HE. Thermokeratoplasty in the treatment of keratoconus. Am J Ophthalmol 1975; 79:226–232

5.  Bastos, Luciano - Fitting post-Keraflex KXL Accelerated Corneal Cross-Linking (CXL) - Contact Lens Spectrum Magazine - March 2014.

6. Godinho, Cleber - Sobrinho, Marcelo et al - Casos Clínicos emLentes de Conttato Esclerais e Semiesclerais - Ed. Cultura Médica 2a. Ed.Cap. 38, 
2010 págs 301 a 313.   

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